Artigo: Linux como Solução

O sistema operacional Linux vai dominar o mercado a partir do momento em que deixar de ser uma ferramenta para se tornar uma solução. Mas será que ser uma solução de mercado já é uma realidade?


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Nota: Este artigo possui caráter pessoal e é de cunho informativo porém também opinativo. Peço discrição ao lê-lo.

Introdução

O sistema Linux é muito versátil, é utilizado hoje em diversas áreas: Sistemas mobile como o Android e seu irrefutável sucesso -, servidores web, supercomputadores, servidores de games, firewalls… E temos 1 mercado que ele não vingou:
Doméstico e parte do mercado comercial, justamente o maior deles.

Diante de tais fatos me perguntei:

  • Por que o Linux não dominou o mercado doméstico?
  • De onde veio o sucesso do Windows?
  • O Linux é uma solução doméstica viável?
  • Como a massa de usuários pensa a respeito?
  • Como o Linux pode ser implementado como solução?

Entre outras questões. Fiz um compilado das pesquisas e os resultados estão abaixo!

1. Definição de Solução

Antes de continuar, precisamos deixar uma coisa clara:

O que é uma solução tecnológica?

Entende-se por solução tecnológica o serviço de aplicação de uma tecnologia ou know-how orientada a satisfazer as necessidades de criação/modificação/melhoria de produto ou processo das empresas e demais instituições, e que atenda aos seguintes requisitos:

  • A tecnologia ou know-how a ser fornecida deve estar disponível para aplicação imediata, ou seja, pronta para ser aplicada no mercado e gerar a solução tecnológica a que se propõe.

Para que a tecnologia seja considerada disponível para aplicação imediata, as etapas de pesquisa, bem como algumas etapas de seu desenvolvimento devem, necessariamente, já ter sido cumpridas. São elas:

  1. Pesquisa básica: essa etapa envolve o desenvolvimento de conceitos e princípios e a construção do arcabouço teórico necessário ao desenvolvimento da tecnologia. Nessa etapa são gerados conhecimentos acerca de determinados fenômenos, sem que se considere uma aplicação particular.
  2. Pesquisa aplicada: embora nessa etapa a tecnologia ainda não necessite possuir uma aplicação ou uso específico, a pesquisa é dirigida a um objetivo ou propósito prático. Nessa etapa ocorre a chamada “prova de conceito”, ou seja, são realizadas as demonstrações práticas dos conceitos e princípios que foram desenvolvidos na etapa de pesquisa básica, comprovando que aqueles conceitos de fato funcionam. As demonstrações dos princípios são realizadas em ambientes que replicam apenas parte das condições reais de aplicação da solução tecnológica. Note-se também, que os módulos ou sistemas que fazem parte da solução tecnológica já tiveram suas funcionalidades comprovadas, ainda que não tenham sido plenamente integrados. As demonstrações dos princípios são realizadas em escala laboratorial (até 1/10 da escala real de aplicação).
  3. Desenvolvimento experimental: nessa etapa, são atestadas a viabilidade e funcionalidade da tecnologia e os trabalhos realizados têm como objetivo criar novos (ou implementar melhorias em) produtos, processos, serviços, materiais e sistemas. No caso da criação ou melhoria em produtos, a funcionalidade da tecnologia é atestada através da construção de protótipos de desenvolvimento experimental. Nessa etapa, embora a tecnologia ainda possa ser aplicada em escala laboratorial, os ambientes devem replicar condições mais próximas às condições reais de operação da tecnologia do que aquelas verificadas na etapa de pesquisa aplicada. Além disso, os módulos ou sistemas que fazem parte da solução tecnológica devem ter tido suas funcionalidades comprovadas, bem como, terem sido integrados. É importante ressaltar que, nessa etapa, a tecnologia já necessita possuir ao menos uma aplicação ou uso específico. Sendo assim, nada impede que, futuramente, sejam vislumbradas aplicações distintas daquela inicialmente imaginada pelo desenvolvedor da tecnologia.

Uma vez cumpridas as três fases acima descritas, considera-se, então, que a tecnologia se encontra disponível para aplicação imediata.

  • Envolver algum nível de adequação (customização) às características do produto ou processo do comprador da solução tecnológica.
    Em outras palavras, a aplicação de uma mesma tecnologia/know-how para clientes finais diferentes gerará uma solução tecnológica adaptada às necessidades específicas de cada cliente. Caso a solução tecnológica envolva a comercialização de software, será considerada customização a adaptação do código fonte.
  • Que a instituição compradora seja capaz de operar a tecnologia ou know-how que lhe foi fornecida.
  • Isto significa especificamente que, uma vez fornecida a solução tecnológica, a instituição compradora deverá possuir autonomia sobre a fabricação do seu produto ou sobre a operacionalização de seu processo de produção […] utilizando esta solução implementada.

Sintetizando:

Se o Linux saciar todas as necessidades do cliente/usuário, preferencialmente sem perdas de produtividade, ele poderá ser adotado como uma solução sem problemas.

2. Solução

Baseado nos conceitos explicitados acima, temos o Linux como possibilidade de ser adotado em diversos aspectos do dia-a-dia de usuários domésticos, entre eles destaco:

  • Quem gosta de usar usar redes sociais
  • Quem gosta de assistir filmes e séries em serviços de Streaming.
  • Quem vai organizar e guardar as fotos da família.
  • Quem ouve músicas, sejam offline ou online.
  • Gerenciar arquivos em servidores em nuvem como o Dropbox®

Dentro do âmbito amador:

  • Quem vai lidar com planilhas.
  • Quem vai redigir redações e/ou outros trabalhos acadêmicos
  • Quem vai fazer edições/colagens de fotos
  • Quem precisa fazer ajustes em faixas de áudio
  • Quem vai acessar sites de bancos
  • Quem precisa visualizar ou corrigir documentos do tipo CAD
  • Quem vai ler e responder e-mails
  • Quem vai fazer modelagem e animação 3D
  • Quem vai baixar torrents.

Para cada situação acima, temos uma solução para Linux que vai atender e saciar o usuário amador que não tem dinheiro para adquirir uma licença de um programa mais complexo – implicando que não existe crack – e não vai perder tempo aprendendo a dominar todas as ferramentas desse programa.

Certo, é possível que tenhamos o Linux como solução em diversas áreas. Por quê ele não vinga?

2.1 Insucesso?

Tento responder essa pergunta com alguns fatores:

  • Transição
  • Popularidade
  • Mercado

Todos como uma bola de neve, consequências direta e indiretamente uns dos outros. Comecemos, do começo.

3. Windows como Solução?

Pra entender aonde o desenvolvimento do Linux erra, precisamos entender um caso de sucesso: o Windows!

Lá em 1991 quando a informática engatinhava nos lares, o Windows e o Macintosh brigavam para ver quem dominaria o mercado doméstico. Nessa época as pessoas lentamente foram aprendendo a usar o computador e, querendo ou não, Windows estava se demarcando como o padrão de mercado e estava se tornando o sinônimo de “computador” para a maioria dos usuários.

Windows se mostrou o mais cômodo em trazer soluções domésticas diante do saturado nicho do mercado UNIX®, que quebrou devido à super fragmentação de sistemas e hardwares.

Concorrência é sempre bom para o mercado mas no caso específico do UNIX® e da “guerra” virtual que surgiu entre as diversas empresas em meados de 1980, o mercado sucumbiu e todos imploravam por um padrão, aquele sistema que faria tudo em 1 sem que “determinada solução fosse exclusiva de determinada empresa com determinado hardware”. – A esse fenômeno foi chamado de Guerra do UNIX o qual abordamos aqui no site!

Tudo deveria funcionar em qualquer coisa, pelo bem da praticidade e do comodismo imposto pelo mercado cada dia mais exigente. E o Windows trouxe isso de uma forma muito bem definida, aliado ao pesado marketing da Microsoft.

Mas e o Linux?

Em recente entrevista, quando questionado sobre o Desktop ser ainda o único lugar onde o Linux não domina, Torvalds deixa transparecer um pouco de frustração, afirmando que “O Desktop era a intenção inicial dele ao desenvolver o Linux, e atualmente é o único lugar onde o Linux não obteve maior popularidade”.

O motivo disso, segundo ele, é principalmente o fato de distros Linux geralmente não virem pré-instaladas com os computadores e laptops que as pessoas compram. “Ninguém quer ter que baixar e instalar um sistema operacional para usar um computador”, comenta.

E de fato o hardware vir casado com o software ajudou no monopólio da Microsoft.

Ao trazer a praticidade de comprar o computador pronto pra uso, o usuário não precisa se preocupar com nada. Alie isso ao fato de que por muitos anos o Linux ficou atrás do Windows em recursos e você perceberá que o pinguim mal teve chance.

Os demais sistemas concorrentes que existirem e/ou surgissem que se virem com outras metodologias de divulgação para abocanhar o mercado já dominado. Lembrando que, as soluções Free and OpenSource (FOSS) costumam ter incentivo fiscal zero, tanto das lojas quanto dos próprios desenvolvedores, ficando ainda mais difícil de divulgar e promover o Linux ou o BSD como sistemas opcionais aos usuários. Perceba que, o macOS, sendo UNIX, dificilmente arranha o monopólio do Windows apesar de todo o esforço e dinheiro envolvidos pela Apple! – Provavelmente iria mais longe se não fossem equipamentos tão caros…

Imagine que você fosse numa loja e não existisse venda casada. Complemente com o fato de, se você escolher o Windows, vai pagar 300 reais e se escolhesse o Linux a licença saia de graça pra usar o mesmo PC. Finalize com a inexistência de pirataria: ou paga o preço cheio da licença ou fica sem usar. Teríamos um mercado bem mais homogêneo, sendo bastante otimista: 40% para o Linux. Muitos desenvolvedores migrariam para as soluções FOSS justamente porque seriam agraciados com as melhorias que eles mesmos implementassem – tal qual é hoje porém mais profundamente e com mais incentivo.

Por que softwares de alta qualidade de Hollywood, como Nuke, Lightworks, Maya, Blender e DaVinci Resolve possuem versões para Linux e o Adobe Premiere e o After Effects, não?

Porque na indústria de Hollywood prefere usar soluções Open Source por permitir que os estúdios economizem milhões com licenças proprietárias enquanto entregam igualmente bons resultados, nesse meio.

Para o usuário doméstico, geralmente os softwares da Adobe e outros são conhecidos por serem usados por estúdios menores e por semi-profissionais, que aprenderam a usar Windows (venda casada como citado acima) e querem ser atendidos dessa forma, para eles é mais cômodo, é a solução definitiva. – E a Adobe incentiva isso, obviamente! Perdendo espaço para softwares mais elaborados e profissionais, o que lhe resta são os usuários amadores.

3.1 Pirataria

A Microsoft Store possui um dos melhores sistemas de DRM que existe atualmente, com +2 anos de mercado e não houve uma pirataria bem sucedida dos títulos vendidos nela – Games? Tem pirata, mas todos faltando recursos, principalmente modo Online. Diria que 90% dos aplicativos pagos na loja não possuem versão pirata.

Considerando esse tipo de abordagem e possibilidade, a Microsoft – e outras gigantes como a Adobe – só permitem a pirataria porque é bom pra elas, permite que o mercado fique padronizado por um determinado software que está “acessível a todos” mesmo que no mercado paralelo e ainda possui qualidade. Com certeza se por exemplo o AutoCAD não existisse em versão pirata, muitos usuários adotariam soluções gratuitas como o “AutoCAD Student Edition” ou ainda abertas para remediar o problema financeiro de não poder pagar pelo programa, como o DraftSight.

Nas palavras do nosso caro leitor Wilfredo Tomaselli:

Sobre a pirataria, para os produtores de software, é ótimo: sufoca o desenvolvimento de outros softwares menores (proprietários ou não) e permite auferir lucros altos através da cobrança de licenças sobre o setor produtivo (indústrias e profissionais autônomos). Para os produtores de hardware, melhor ainda: o excesso de recursos inúteis cria uma demanda artificial por mais componentes — mais memória, troca frequente de disco rígido ou de estado sólido, troca habitual de processador…

Essa bola de neve fica mais interessante quando você percebe que a pirataria também trás insegurança. Boa parte das máquinas afetadas pelo WannaCry no ataque passado rodavam Windows pirata, que não recebe os updates de segurança da Microsoft. – É o preço que se paga por não pagar o preço do software licenciado.

4. Contextualizando

Enquanto em 1991 o Linux nascia, já tínhamos o Windows 3.1 no mercado. Esse longo atraso no desenvolvimento do sistema o fez perder uma bela fatia do mercado doméstico que poderia ter começado ali.

Hoje, em tempos de conseguir correr atrás do prejuízo, os sistemas domésticos Linux tentam trazer soluções para um mercado consolidado. Lembra em 1991 quando as pessoas aprenderam a usar o computador? Para o Linux crescer, a Microsoft teria que dar um “tiro no pé” com o Windows, deixar o sistema tão pouco amigável que obrigaria as pessoas a procurarem uma nova solução e reaprenderem como usar o computador, aprenderem a usar um novo sistema operacional.

Considerando que a Microsoft hoje é uma das poucas empresas que vale 1 Trilhão de dólares e considerando o sucesso do Windows 10 como solução doméstica, dificilmente o Linux ganhará o mercado pelas próprias pernas sendo sempre a “alternativa que ficará eternamente nas sombras” e cujas empresas de software – como a Adobe e a Autodesk – não dão a mínima por ser inviável desenvolver versões de seus softwares para esse nicho.

5. Há necessidade?

Contribuição de Igor Giuseppe, o Windows possui um leque de nada mais que aproximadamente 60 Milhões de aplicativos/programas dos mais diversos nichos. Devido à sua histórica presença no mercado como solução doméstica, é plausível e sensato que há programas que simplesmente não existem pra Linux e muitos nem rodam no Wine.

Com isso em mente, você deve se perguntar sinceramente: Há necessidade?
Antes de entender se você poderia, entenda se você deveria migrar uma infraestrutura Windows para Linux.

Eu, Nathan, autor deste artigo e usuário assíduo do GNU/Linux Ubuntu MATE e técnico em manutenção de redes Windows (95% dos meus clientes usam Windows 10) vejo o mercado da seguinte maneira; e quando digo o mercado, eu me refiro à massa, aos usuários que adotam o Windows e o porquê dessa preferência:

Se compararmos o Linux a um carro, eu diria que é como este belíssimo Chevrolet Chevy Impala de 1967:

Só os fortes pegarão essa referência!

Não é uma ofensa! Esse carro é potente, surpreende pela arrancada, velocidade e conforto para algo tão “velho”! É um carro que faz o serviço direito: Ele anda. E anda muito bem. A mecânica é fácil e barata, as peças não são tão difíceis de encontrar (considerando que você more aonde ele foi fabricado, EUA) e o carro não costuma dar defeito.

Por outro lado, temos o Windows 10, que seria equivalente a este moderníssimo Tesla Roadster Elétrico:

É um belo carro, igualmente potente – respeitando as limitações pela diferença do tipo do motor – moderno, adaptado aos novos tempos e trazendo novas soluções. Porém não deixa de ser um carro, que trouxe soluções para problemas que não existiam, criando problemas modernos, como o caso do recente Tesla que explodiu numa garagem.

Para várias pessoas, largar o moderno Roadster para andar de Chevy é um retrocesso! Mas para apaixonados por mecânica de autos e fãs de carros (Comparando os Estudantes de TI e afins) não existe nada moderno que bateria o Chevy em mecânica e otimizações. Se você conseguir provar que o Chevy é melhor que o Roadster em vários sentidos, você convence alguém a usar Linux como sistema principal. – E cá entre nós, por experiência própria, isso não é fácil! Beira a evangelização oriunda de um puro gosto pessoal. Dependendo do meio, você estará dando soco em ponta de faca.

Levando isso em conta, se pergunte:

  • O cliente/usuário quer aparência e recursos modernos que enchem os olhos? Ele quer soluções para problemas relativamente simples que antes não existiam? Ele se importa em saber como as coisas funcionam?
  • O cliente quer algo simples, que exige menos manutenção porém requer um maior tratamento para ficar refinado?

Entro num exemplo clássico:

Uma coisa é o cliente/usuário que quer usar o Photoshop porque “é cheio de recursos”, mas na prática, ele não usa 5% do que está ali, onde até mesmo o Paint.NET supriria suas necessidades. É o que chamo de quem “mata moscas usando um tanque de guerra”, quer resolver problemas pequenos usando soluções grandes – E é exatamente dessa forma que o mercado pensa e quer que você pense, é assim que muitas empresas ganham dinheiro!

Voltando ao sistema, deixe-me listar alguns recursos exclusivos do Windows 10 e pergunte-se a si mesmo se você ou algum conhecido seu que usa o sistema faz uso desses recursos de forma constante e ativa:

  • Cortana
  • 3D Builder
  • Xbox Live Game Mode
  • Pessoas
  • Groove Music
  • Microsoft Edge
  • Microsoft Money
  • Movies & TV
  • News
  • OneNote
  • Sports
  • Windows Feedback
  • Hub de Comentários
  • Office 365 da Microsoft Store, pré instalado.
  • Mail – Se você usa o Outlook, provavelmente não usa este app.

E pergunte se você desativa 1 desses serviços após a instalação do mesmo:

  • Windows Defender
  • Windows Search
  • Microsoft Store
  • Cortana

De fato, se você desativa, desinstala ou simplesmente não usa +50% do que o sistema oferece de novos recursos, você não o utiliza como poderia ou a Microsoft gostaria. Complementando, se os aplicativos que você possui e usa tiverem uma versão para Linux, você pode migrar de sistema sem problemas. Aqui está sua solução alternativa e viável.

Ou seja, o Windows 10 é um sistema moderno com “perfumarias”, recursos extras modernos e novos que enchem os olhos mas que pouca gente usa de verdade. E o Linux é simples, porém em vários pontos ele é tão simples que incomoda quem está acostumado a usar um sistema encorpado e com mais recursos nativos, te obrigando a usar o terminal de comandos para solucionar questões que no Windows seriam mais simples por interfaces gráficas. E é nesse ponto que você deve se perguntar:

Por quê alguém migraria para Linux?

Por questão pessoal penso em economizar recursos de hardware, espaço em disco, diminuir a perda de tempo com atualizações, aumentar a vida útil do disco rígido para quem sofre do Bug do 100% de Disco, poderá explorar cada pedaço do seu hardware e entender como ele funciona e por fim otimizará sua produtividade eliminando toda a carga inútil de um sistema que você utiliza aos “pedaços” porque não tira total proveito de todos os recursos de interconectividade que ele oferece por padrão. Sem contar na possibilidade de você estar usando pirata, o que naturalmente pode prejudicar até mesmo sua segurança.

6. Prós e Contras

Certo, considerando que o tópico anterior possa ter te convencido a migrar para Linux, você precisa ter algumas coisas em mente:

  • Facilidade de uso
  • Compatibilidade de hardware
  • Compatibilidade de software
  • Suporte técnico

Muitos aqui dirão: Ué, Linux já tem tudo isso!

Não é bem uma verdade.
Na hora de implementar essas soluções, você precisa considerar pontos como:

  • O usuário vai conseguir se virar? A interface é amigável? Os recursos são acessíveis? O sistema é fácil de usar?
  • O custo de implementação, treinamento e suporte ao Linux ainda é mais baixo que o valor da licença Windows?
    Dependendo da dificuldade que vai causar, você estará andando para trás tentando melhorar a infraestrutura ao adotar o Linux como opção numa empresa, por exemplo.
  • O sistema vai rodar bem com o hardware disponível?
    Leve em consideração por exemplo impressoras Bemateq Fiscais que não possuem drivers para Linux ou DVR’s de Cameras que só abrem no Internet Explorer.
  • O sistema vai rodar bem o software exigido?
    Se o usuário precisar de Photoshop ou AutoCAD, dificilmente ele vai aceitar as alternativas disponíveis para Linux, seja por produtividade, seja por comodismo.
  • O usuário vai ter com quem contar, suporte técnico à disposição para caso precise?
    Para qualquer problema no Windows, “qualquer fução” saberá resolver. Mas e o Linux? Os problemas recorrentes estarão á mão com a arte marcial do Google-Fu?

O grande trunfo – e também o calcanhar de Aquiles – do Linux é ser diverso, o que permite abranger mais pessoas de diversos meios com exigências distintas. O Windows veio como o tudo-em-1, 1 sistema para todos. Podemos ver o Linux como o todo para todos.

Então, você precisa analisar todo o contexto a ser implementado e ter conhecimento pra decidir qual a melhor opção para cada meio. Ao mesmo tempo que é bom, a super fragmentação do Linux diminui o suporte entre todas as distros. Algumas como o CentOS vão suportar ferramentas que não existem no Debian e vice versa. Idem para a comunidade, fóruns, etc.

Se você conseguir responder às perguntas acima com sucesso e o cliente sair satisfeito então sim, o Linux pode ser uma solução.

7. Solução para a Solução?

O que o futuro nos aguarda? O futuro é o compartilhamento de recursos para com os demais?
iFood? Uber? AirBnB? Amazon? O que tudo isso tem em comum com o Software Livre?
São todos colaborativos.

A ideia é que mais e mais vejamos o mercado abraçando causas comuns em prol de tudo e todos. Isso explica o quanto o Linux cresceu, sendo um sistema mais novo que o Windows, a ponto de “chegar bem perto” do que o Windows 10 oferece em recursos atualmente. – Não é um páreo ainda, há suas diferenças, mas chegar ao nível de um Windows XP ou 7, já é um enorme avanço para um sistema tão novo. Aqui algumas comparações mais profundas de ambos.

Obviamente a Microsoft vai lutar ferrenhamente para tornar os usuários cada dia mais dependentes de seu sistema – ou ela não valeria 1 Trilhão – enquanto a briga no submundo da informática faz o Linux crescer também. No fundo todos vamos sair ganhando com essa briga, porque querendo ou não, a Microsoft também colabora para com o desenvolvimento do Linux. – Pena que dessa forma ela continuará adotando a postura do Linux como ferramenta e não como solução, impedindo que ele cresça em marketshare.

8. Conclusão

Você, usuário Linux, leitor da UNIX Universe, provavelmente possui entendimento e sabe aonde o Linux pode ser adotado. Desconsiderando o contexto ideológico, há meios e meios de se implementar soluções FOSS sem perda de rendimento e/ou produtividade, bastando seguir o contexto da implementação de uma Solução, no tópico Definição de Solução acima.

Considerando que o mercado já está consolidado com o Windows e dificilmente isso vai mudar; considerando que as alternativas FOSS não investem em marketing nem possuem renda suficiente para investir em promover venda casada de hardware e software – empresas vendem computadores com Linux apenas por ser gratuito, sabemos que o usuário vai formatar e colocar Windows pirata pelo comodismo -, tem-se ciência que somente os próprios usuários podem ajudar no crescimento do sistema.

Mas para isso ser verdadeiramente eficiente, os diversos usuários das mais diversas distros Linux deveriam se unir. Cada um com seu sistema preferido, porém juntos pela causa maior, que é ver o Linux sendo melhor e mais amplamente adotado. Quem sabe isso não abra os olhos das grandes empresas para verem que esse nicho pode ser lucrativo? Considerando a contra-cultura pirata que há no Linux, é provável que a Adobe e a Autodesk lucrem mais no Linux do que em toda sua rede pirata Windows existente no mundo.

Para os mais diversos fins, usar Linux vale a pena, pela simplicidade, tranquilidade e estabilidade que ele proporciona. Há sim, uma dificuldade inicial de implementar a solução – novas soluções sempre causam mal-estar – mas uma vez devidamente implementado, a manutenção de um sistema desses é zero. Lembrando que: O cliente deverá sempre sair satisfeito, a implementação/migração deve ser a mais tranquila possível, dando preferência às mesmas soluções que se tinha no Windows, trazendo-as para o Linux, usando as soluções alternativas apenas como recurso excepcional.

O cliente tem sempre a razão.

Fontes:
BNDES
Diolinux

5 comentários em “Artigo: Linux como Solução”

  1. “, é provável que a Adobe e a Autodesk lucrem mais no Linux do que em toda sua rede pirata Windows existente no mundo.”
    Autodesk? até onde me consta, tem 3dSMax e maya pra linux, só não tem autoCad.

    Adobe lucrar mais? com certeza mais do que 1% dos usuários de photoshop pagam pelo mesmo, então, não, ela não lucraria mais, nem todo mundo que usa linux usa pra editar imagens (bem como nem todo mundo que usa windows), mas nem todo mundo que usa linux só usa software original e mesmo que 100% dos que precisam de photoshop no linux pagassem, o lucro não seria maior que de photoshop pra windows.

    percebo que a comunidade linux tem uma visão muito limitada do ecosistema windows.
    sempre as mesmas listas de alternativas.
    “photoshop? tem o gimp!
    coredraw? inkscape!”

    como se o ecosistema do windows se resumisse a isso…

    perceba que uma pipeline é muito mais complexa que isso, por exemplo, pra fazer animação 3D, você precisa de: modelagem, texturização, criação de materiais, rigging, animação e provavelmente alguns efeitos especiais como fogo, fumaça, agua entre outros dependendo do filme.
    dá pra fazer tudo isso no blender? dá, mas não é nescessariamente a melhor ferramenta para cada uma dessas etapas e isso são apenas etapas de 1 nicho especifico, fora outros nichos com outras pipelines.

    perceba que essas listas não citam nenhuma game engine por exemplo, coisa que só recentemente surgiu no mundo linux e que essas pessoas que só sabem dar control+C, Control+V nunca se dariam ao trabalho de pesquisar e adicionar na lista eles mesmos.
    e mesmo quando falamos de game engine ter versão pra linux, qual tipo de jogo? se tu quer fazer um RPG até da pra fazer numa Unreal da vida, mas tu vai ter muito mais trabalho do que se fizer num RPG maker e a curva de aprendizagem inicial pode ser a diferença entre persistir e trocar de engine ao perceber as limitações, ou desistir antes mesmo de começar a ter algo que se pareça com um jogo na tela…

    fora game engines que surgiram recentemente , tem muitas ferramentas que não tem pra linux, talvez até rodem no wine, mas com uma experiência de uso instável, cheia de features que não funciona, lenta e que beira o insuportável.
    exemplos inculem: sintetizadores de voz (vocaloid é muito popular especialmente no japão, tem mais de 100.000 músicas cantadas por sintetizadores de voz e bancos de voz de vocaloid)

    programas como MMD podem não ser tão poderosos quanto blender, mas são faceis de usar e tem uma quantidade absurda de assets feitos pra MMD, compatíveis entre si (no mesmo estilo gráfico), tem trocentas milhões de animações feitas em MMD por ai.

    programas como Facerig deram origem a uma nova categoria de youtuber: os virtual youtubers, exemplos incluem treta news (que explodiu em popularidade e virou um dos maiores canais do youtube brasileiro) e kizunaAi (uma das mais famosas lá fora)

    programas como Live2D foram usados pra fazer jogos como Fire Emblem Fates (um jogo da Nintendo, caso nunca tenha ouvido falar) ou seja, não só é uma ferrmaenta de nicho que não tem equivalente pra linux, ainda por cima tem casos de sucesso, é usada por grandes empresas como a Nintendo.

    e mesmo que a pessoa não precise de nada disso e tenha sorte que todos jogos que ela queira rodar rodem em linux (sem ter que esperar 10 anos pra isso) e não tenha nenhum amigo que jogue jogos que não rodam em linux (afinal, ter vida social é importante) ainda tem a questão de mods, já pensou em poder fazer suas próprias fases de mario?
    bom, você pode! e nem estou falando de mario Maker, muito antes da Nintendo fazer isso, já existiam ferramentas de hacking rom dos jogos de mario pra snes! em teoria um jogo como super tux deveria dar “liberdade” ao usuário pra fazer qq fase que ele queira, mas na pratica, ele tem mais opções prontas usando ferramentas feitas por engenharia reversa de hacking rom dos jogos de Mario ou usando Mario Maker…
    isso pq estamos falando de 1 jogo que tem concorrente open source, sem contar vários jogos que não tem, mas tem ferramenta de mod pra fazer suas próprias fases ou trocar personagens do jogo por outra coisa, ou outros tipos de mod e essas ferramentas funcionam no windows, mas não no linux.
    o ecosistema do windows tem 60 milhões de softwares, nem todos eles tem alternativa pra linux e mesmo os que tem, as pessoas que estão acostumadas com um workflow não vão trocar por outro de uma hora pra outra só pra poder usar linux.
    imagina um desenhista que tá acostumado com a forma como foi calibrada a sensibilidade a pressão numa wacon para o photoshop especificamente trocando pra gimp tendo que se acostumar com a nova sensibilidade a pressão.

    fora isso…
    “Doméstico e parte do mercado comercial, justamente o maior deles.”
    Android tem 2.3 bilhões de usuários, windows tem 1.5 bilhões, logo, o mercado doméstico e comercial não são os maiores.

    Responder
    • Comentário pertinente mas rápida correção: O 3DS Max também não roda no Linux, só o Maya.
      https://knowledge.autodesk.com/pt-br/support/3ds-max/troubleshooting/caas/sfdcarticles/sfdcarticles/PTB/System-requirements-for-Autodesk-3ds-Max-2019.html

      Sobre o comentário em si, o MMD roda no Wine como nativo, sem perda de desempenho. Já as game engines principais temos o Unreal (foco em desktop) e o Unity (foco em mobile), que estão em grande ascensão atualmente. RPG Maker perdeu o foco da galera, mas claro que se ele viesse para o Linux seria bem vindo.

      De resto, concordo.
      Seu comentário foi tão pertinente que parte dele usarei de base para uma complementação da publicação 😉 Adicionei á sessão “Há Necessidade?” dentro do post.

      Responder
      • MMD foi só um exemplo que eu conheço, tem muito software de nicho com um ecosistema enorme (no caso do MMD, os assets, os modelos 3D feitos pra ele)
        e tu pode ter testado o MMD mas testou os shaders para MMD? pq tem muito modelo 3D que vem acompanhado de um shader pra definir a aparência da pele and so on.

        “. RPG Maker perdeu o foco da galera, mas claro que se ele viesse para o Linux seria bem vindo.”
        RPG maker pertence a um nicho diferente, ele é uma engine fácil de usar e extremamente especializado num gênero (JRPG), tem mais softwares assim pra windows, só não perco tempo pesquisando.
        de qq forma em sua nova versão o RPG Maker suporta linux.

        tirando esses exemplos que citei, tem coisas como tocar mid de maneira correta (cada placa de som reproduz o som de maneira diferente) até hoje não sei fazer setup pra emular 1 placa de som pra mid no linux (no caso sound blaster que é a que tenho nostalgia) muito menos várias como tem em alguns emuladores pra windows.

        Responder
  2. Ando analisando muito a questão de linux no desktop. Em servidores, é incontestável. Uso Windows para situações específicas, como um ERP que necessita dele ou um banco de dados que só roda no Windows (ou ambos). Mas no Desktop, pesquiso há meses pq nem mesmo as empresas de linux, como RedHat e Cannonical investem tanto na divulgação de seus produtos para esse setor. De tantos artigos que li, embora eu tenha entrado no mundo linux há menos de 2 anos e tenha gostado muito, vejo que, no desktop, linux deve ser utilizado para situações específicas. Tenho implantações em empresas com rede hibrida, onde parte roda windows e parte linux. Um de meus clientes tem 45 computadores. Apenas 15 rodam windows e office. Demais, rodam xubuntu, libreoffice para gerar conteúdo e wps para acessar conteudo gerado pelo office e acessam o ERP via web. Esses PCs com linux simplesmente não dão um único problema. Em um ano, apenas coisas como, impressora ficou off line, coisas simples assim. Motivado por esse resultado, tentei fazer o mesmo em outra empresa que fechei contrato. Eram 35 computadores. Depois de analisar, conclui que apenas 5 realmente precisavam de windows. Os demais, não. Só de licenciamento, o cliente iria poupar algo em torno de 45 mil reais entre Windows, Office e antivirus. Sem contar no fato de ter de comprar hardware novo, caso migrasse para o Windows 10, visto que os PCs eram, em sua maioria, Core 2 duo com 4 de ram. Vendi o projeto e o cliente, analisando o valor que pouparia, fechou. O resultado foi um desastre. Diferentemente do que acontecia na primeira empresa, nessa, havia uma rotatividade muito grande de funcionários. Quando colocam como critério em uma contratação que era precisa saber libre office, afugentavam os candidatos. Então resolveram treinar os novos contratos. Como isso era constante, acabou ficando caro. Outro fator é que essa empresa recebia constante arquivos .doc e principalmente xlsx. E muitas vezes, apresentavam problemas. Até corrompiam. Resumo da opera. Acabamos tendo de tirar o linux de quase todos os computadores e deixar apenas em 12 que usavam apenas o sistema ERP via RDP e acessam e-mails e planilhas básicas. Conclui que saiu mais caro colocar Windows do que ter todos esses problemas. E foi o quue aconteceu. Se vale contar, uma terceira empresa, fizemos algo semelhante a da primeira. Era situações específicas: e-mails, planilhas básicas, texto, internet e ERP via WEB. Como era só isso, pq usar Windows e pagar licença dele e do office? Ou seja. Há casos e casos. E como o Natan falou, depende dos profissionais avaliarem isso. Eu no caso, tenho feito isso. Analiso e, em situações específicas e que NÃO MUDEM (pelo menos não tenha previsão de mudar ) os aplicativos de produção e que não tenha alta rotatividade, convenço o cliente a colocar linux. Em situações onde tem muitos sistemas rodando e que foram projetados para Windows, não exito em manter esse sistema. Gosto de linux, mas acredito que investir nele, no desktop, como um serviço a ser vendido, excetuando situações específicas, acaba sendo prejuízo em horas, e tudo mais.

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