O fim do suporte ao Windows 10: O que fazer?

Em Outubro de 2025 será o fim do suporte ao Windows 10 e aqui eu trago tudo que você precisa saber a respeito!


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1. Introdução

Aleatoriamente me lembrei que o Windows 10 iria ter seu fim este ano de 2025. Uso Linux em meus computadores de trabalho e lazer desde pelo menos o final de 2015 então eu acabo ficando por fora de todas as notícias do mundo do Bill Portões. Mas uma coisa é fato: Isso vai dar dor de cabeça pra muita gente. Então, caso alguém esteja meio perdido, é o seguinte:

O fim do suporte ao Windows 10 será em 14 de outubro de 2025. A partir dessa data, a Microsoft não fornecerá mais atualizações gratuitas de software do Windows Update, assistência técnica e nem correções de segurança de graça*.

*Caso a empresa deseje ela pode pagar por um suporte estendido mas esse suporte vai até 2028, depois de fato o sistema terá seu derradeiro fim.

Tá mas por quê nem todos migram para o Windows 11? Porque ele possui algumas exigências:

  1. Possuir uma BIOS com UEFI.
    Instalação Legacy não é suportada.
  2. Possuir +4Gb de RAM.
    Equipamentos com apenas 4 Gb não são aceitos.
  3. Possuir chip TPM 2.0
    As versões anteriores 1.0 e 1.2 são recusadas.

Microsoft explica o motivo da exigência dos chips TPM para Windows 11

E o que é esse tal TPM?

1.1 TPM 2.0

Um TPM é usado para gerenciamento de direitos digitais (DRM) e para proteger sistemas baseados em Windows e impor licenças de software. Ele também pode armazenar senhas, certificados ou chaves de criptografia. Os chips TPM podem ser usados ​​com qualquer sistema operacional principal e funcionam melhor em conjunto com outras tecnologias de segurança, como firewalls, software antivírus, cartões inteligentes e verificação biométrica.

O Windows usa TPMs para fornecer os seguintes recursos de segurança:

  • O Windows Hello é um recurso de controle de acesso e identidade biométrica que oferece suporte a scanners de impressão digital, scanners de íris e tecnologia de reconhecimento facial que usam TPMs.
  • A proteção contra ataques de dicionário ajuda a proteger contra ataques de força bruta que invadem uma rede de computadores protegida por senha, inserindo sistematicamente cada palavra de um dicionário como uma senha.
  • O BitLocker Drive Encryption criptografa volumes lógicos. Ele difere do Encrypting File System da Microsoft, pois o BitLocker pode criptografar uma unidade inteira, enquanto o EFS criptografa apenas arquivos e pastas individuais. Se o computador ou o disco rígido for perdido ou roubado, quando desligado, os dados no volume serão mantidos privados. O BitLocker ainda pode ser suscetível a ataques de inicialização a frio, portanto, a autenticação de dois fatores também é normalmente usada.
  • Cartões inteligentes virtuais são baseados em TPMs e são similares a cartões inteligentes físicos. Eles são usados ​​para autenticação em recursos externos.
  • A inicialização monitorada ajuda a detectar malware durante sequências de inicialização e garante que as medições de TPM reflitam o estado inicial do Windows e as configurações do Windows.
  • A atestação de integridade cria certificados AIK para TPMs, bem como analisa dados de inicialização medidos para avaliar a integridade do dispositivo. Isso também contempla detectar malwares instalados na placa mãe!
  • Credential guard usa segurança baseada em virtualização para isolar credenciais. TPMs são usados ​​aqui para proteger as chaves.

Bom, de fato o Windows 11 utiliza bastante o chip pra reforçar a segurança de suas funcionalidades, especialmente aquelas que lidam com dados de usuários como a captura de iris ou ainda a IA que executar localmente. Mas o TPM 2.0 é uma tecnologia relativamente nova e muita placa mãe por ai com Intel Core i7 por exemplo não tem esse suporte! Diante disso quais são as opções?

2. Alternativas

2.1 Windows 10 LTSC 2021

Assim como o Ubuntu possui versões LTS (Long Term Support), o Windows também possui uma chamada LTSC (Long-Term Servicing Channel). A atual referente ao 10 é o Windows 10 Enterprise LTSC que foi lançado em 2021.

Quem estiver nessa versão poderá usar o Windows 10 até 2027. Depois o suporte dele também acabará. Depois dele temos o Windows 11 Enterprise LTSC lançado em 2024. Assim, com o fim do suporte ao Windows 10 se aproximando, usar a versão LTSC dele parece uma boa ideia!

Atentos que É IMPOSSÍVEL migrar de qualquer versão do Windows 10 para a LTSC. E se algum script prometer isso, duvide.

Por padrão o Windows LTSC vem com limitações como a Microsoft Store ausente e sem a Cortana, por exemplo. É um Windows absolutamente castrado por padrão. Da mesma forma ele recebe updates por um canal específico separado do Windows convencional, por isso é difícil trocar um Windows pelo outro: São sistemas diferentes! Inclusive o serial dele é diferente de todos os outros.

2.2 Permanecer Inseguro

Para muitos será a realidade: Continuar no Windows 10 indefinidamente até poder migrar para um computador que atinja os pré-requisitos.

Com isto em mente, se você usa ou conhece alguém que precisa do Windows pra trabalhar, esteja ciente dos riscos associados em continuar com o sistema sem suporte, afinal, será como um banquete para randomwares e você não vai querer se arriscar e ser parte da estatística!

2.3 Comprar um chip TPM

Se você for o felizardo proprietário de uma placa mãe com este slot:

Trusted Platform Module – Wikipédia, a enciclopédia livre

Saiba que a chance, de você poder comprar o chip TPM e usá-lo, é muito alta!

O chip tem essa aparência que pode ser um pouco diferente dependendo da fabricante da sua placa mãe. Vi que tem modelos diferentes de TPM 2.0 então pesquise qual sua placa mãe suporta antes de adquirir!

2.4 Trocar de máquina

A realidade da classe mais abastada será poder trocar de computador e fim da história.
Acaba a dor de cabeça e vida que segue.

E aqui eu deixo um grande adendo que em “sucatões” deve aparecer muito lixo eletrônico de boa qualidade como Intel Core i5 e i7 em perfeito estado mas sem TPM, ideais para se instalar um bom e velho Linux! Fiquem atentos quanto a isso!

2.5 Usar Linux

A opção que poucos vão querer tentar mas muitos não terão escolha:
Sair do Windows pra poupar gastos com licenças e migrar sua base de uso para o Linux.

Estou direcionando minha fala aos donos de empresas e a quem dá algum tipo de suporte corporativo, ou seja, é uma visão estritamente financeira, prática, funcional, barata e com compliance digital!

Primeiramente precisei deixar isso claro porque eu não vou dar um opinião, mas uma constatação real que em muito vai doer nos usuários Linux que defendem ferrenhamente suas distros favoritas. Infelizmente no lado corporativo, as coisas não são o doce que o pessoal pensa.

Ah, use Fedora, Ubuntu, LinuxMint, Manjaro, Zorin, Endless…. LXDE, GNOME Shell, Plasma…. com Flatpak, Snap ou APT? Qual escolher?

O Windows venceu no lado corporativo – e em boa parte dos usuários domésticos, só perdendo mais força recentemente com a evolução do Steam/Games – porque ele é acima de tudo uma solução e para bater de frente o Linux também precisa ser uma solução, e isso eu já abordei neste artigo! Dito isso, o que o Windows tem que o Linux precisa ter?

  • Compliance Digital
    Uma coesão no desenvolvimento, que uma instituição ou empresa maior cuide e garanta o funcionamento a longo prazo.

Exemplo é o Ubuntu, que é mantido por uma grande empresa a Canonical. Mas por outro lado o ArchLinux é estritamente mantido por uma comunidade apaixonada…. e isso não basta. Também sai o Debian. Dado a isso está o sucesso da Red Hat, SUSE Linux, Solaris Linux e etc mas nesses casos são proprietários, licenciados e/ou pagos. E por vezes, caro! – E é por isso que vou tira-los da equação, estamos falando de workstations de baixo custo e não servidores.

Compliance é um conjunto de regras e procedimentos que uma empresa deve seguir para estar em conformidade com a lei, normas e regulamentos. O termo vem do verbo em inglês “to comply”, que significa “cumprir”. 

A partir daqui elimino os sistemas como o PepperMint, o CachyOS, o EndeavourOS – que eu uso e recomendo mas não é adequado corporativamente – e outras distros menores e/ou essencialmente comunitárias que são mantidas por muito amor no coração. – Sim, estou falando de você Fedora. Tchau.

Por mais que sejam excelentes, elas não passam na curadoria corporativa. Da mesma forma o Fedora também sai da lista porque é mantido por desenvolvedores e usuários dentro de uma comunidade, não uma empresa propriamente dita. O Manjaro é mantido por uma empresa mas a possibilidade de usar repositórios AUR quebra totalmente o compliance de uso. – E é por isso que o Manjaro não incentiva seu uso, mas mais abaixo dou outro motivo pro Manjaro não ser interessante.

Aqui eu enfatizei a questão do compliance por questões jurídicas e de segurança.

  • Ter uma interface amigável, familiar e funcional.
    O Windows 10 cedeu à pressão e possui hoje um menu iniciar mais amigável do que o Windows 8.1 e o Windows 10 de 2015 tinham. Da mesma forma, se você quer agradar a maioria, precisa de uma interface que seja tão amigável quanto o Windows, tão familiar quanto o Windows e tão funcional quanto também!
    Nesse aspecto o ZorinOS e o Kubuntu, com Plasma, são absurdamente amigáveis e familiares.

A partir daqui elimino o GNOME Shell da equação – o Ubuntu padrão – porque é uma inteface voltada a touchscreen, contraproducente a quem quer um menu iniciar comum.

– Ah mas é possível instalar um menu clássico – você vai dizer!

Nenhuma empresa quer perder tempo com esse tipo de ajuste, precisa vir de fábrica já com uma interface prática! Tempo é dinheiro! Das interfaces restantes temos Plasma, LXQT, MATE, XFCE e outras. Os demais sabores do Ubuntu também continuam na corrida já que todos são oficialmente apoiados pela Canonical.

  • Ter janelas.
    O Windows tem janelas, é o nome do sistema, JANELAS. Quanto mais janela, melhor. Quanto menos terminal, melhor.
    E aqui pela minha experiencia a interface que melhor satisfaz isso é a Plasma do KDE, porque ela tem configurações de praticamente qualquer coisa, desde tablet Wacom até ajustar o HDR de uma tela a poucos cliques de distância. Além disso seu painel de configurações lembra muito o do Windows 11.
  • Ter suporte ao Wayland
    O polêmico Wayland está maduro e funcional nas principais interfaces GNOME Shell e Plasma. Mesmo se for executar em um Celeron ou Core 2 Duo, ele possui otimização suficiente pra ser tão leve até quanto era nos tempos de glória do Windows 7! Como mencionado anteriormente aqui, a Valve adotou o Plasma como interface padrão de seu Steam Deck por uma série de motivos; boa parte do que comentei nesta publicação entra na justificativa deles!

A partir disso e dado os últimos 2 pontos, elimino as interfaces menores como MATE, LXQT, LXDE, XFCE e outras por não serem tão completas, com suporte ausente ou limitado do Wayland ou, que para serem completas, requerem muitos pacotes adicionais. Novamente, o sistema precisa vir PRONTO para uso!

Da mesma forma elimino o LinuxMint, o Zorin, o Endless e qualquer outro sistema cuja interface foi modelada em cima do GNOME Shell. Ela fica absurdamente lenta e pouco otimizada, isso cai em desfavor também. Se a troca do Windows pelo Linux deixar o sistema mais lento do que era antes, o usuário vai perceber e não queremos passar a má impressão de que sair do Windows e ir pro Linux é “andar pra trás”.

A coisa precisa continuar fluída! O Plasma lá na versão 4.0 era pesado também, mas a partir da 5.27 e a atual 6.x ele está absurdamente otimizado, com baixo consumo de CPU e RAM equiparável até ao consumo de interfaces como XFCE e MATE – Possuindo muito mais recursos nativos do que as interfaces citadas!

  • Ser LTS
    Um sistema seguro e robusto feito hoje que vá durar 5 anos. Isso automaticamente elimina todos os sistemas bleeding-edge ou rolling release como ArchLinux, EndeavourOS e Manjaro. – Falei que tinha mais motivos pra implicar com o Manjaro! Quer mais? Aqui temos uma bela lista de motivos pra nunca usá-lo.

Daqui sai o Debian que só dura 3 anos e tem pacotes velhos demais – é importante receber pacotes novos como recursos e drivers de vez em quando. RockLinux e AlmaLinux não entram tambem por serem mantidos por 10 anos e ficarem pré-históricos como o CentOS era. E tal qual o OpenSUSE Leap até oferece algo bacana mas também fica muito obsoleto.

Ah mas o Ubuntu é LTS, ele não fica obsoleto?

Sim até ficaria mas você tem a opção do kernel hw-edge: Um kernel que traz drivers mais novos enquanto preserva a segurança do sistema. Um misto de bleeding edge com LTS.

Dito isso, mesmo o Fedora sai da equação (de novo!) porque o cliclo de vida dele é de apenas 6 meses entre versões, com 7 meses de ‘carência’, de forma que homologar ambientes se torna um trabalho constante. E isso a nível corporativo é pouco tempo pra manter algo sólido e confiável. Investidores, ou seja, o dinheiro, quer algo seguro e garantido! Não experimentos de fim de semana rodando a matriz de um datacenter que movimenta bilhões.

Tirei tudo isso e o que sobrou?

Uma das poucas distros que gabaritou os requisitos foi o Kubuntu 24.04 LTS.

2.5.1 Kubuntu 24.04 LTS

Motivos de escolher o Kubuntu?

  1. Interface Plasma
    O Plasma tem janela pra caramba e possui diversos recursos paralelamente vistos no Windows 11, enquanto temos suporte a Wayland. Moderna e funcional.
    Além de ser leve e eficiente, altamente customizável se for necessário mas pode ser usada no estado padrão sem problemas.
  2. Ubuntu LTS
    O bom e velho Ubuntu que todos amam e confiam com a vantagem de ser LTS, que todos amam e confiam também.
  3. Compliance Digital
    É apoiado pela Canonical como um sabor oficial da Familia Ubuntu, utilizando dos pacotes e repositórios da própria Canonical.

Recursos Bonus:

  1. A instalação Minimal adiciona a interface Plasma sem nenhum pacote SNAP, nem mesmo o próprio daemon Snapd!
  2. Vem com a Discover Store, uma loja de aplicativos amigável com muitas opções de customização para facilitar a instalação e manutenção de pacotes.
  3. Suporte a Flatpak devido à presença da Discover Store. Uma ampla gama de pacotes Flatpak está disponível para download, muitos inclusive exclusivos!

OBS: O Kubuntu 24.04 LTS ainda utiliza o Plasma 5 com XOrg devido à natureza LTS do sistema.

Porém o Ubuntu 25.04 em diante já faz uso do Plasma 6 com Wayland! Se preparar para wayland é importante porque é possível que em breve isso se torne um requisito de compliance e o motivo? O Xorg tem acesso a tudo que acontece no desktop, todas as janelas por exemplo veem o que você está digitando, mesmo as senhas e isso é uma brecha de segurança do conceito original do Xorg. – No meu EndeavourOS já estou com o Plasma 6 e Wayland e como já falei anteriormente, a experiência é absurda, especialmente para games. Há um ganho de desempenho geral apenas trocando do Xorg para o Wayland.

Apenas lembrando que isso foi baseado na minha experiência cuidando de diversas empresas como contabilidades, revenda de defensivos agrícolas, arte e propaganda, hotelaria, agrimensura e até imobiliárias. Nesses casos todos o Kubuntu 24.04 LTS vai se encaixar bem como uma solução amigável e generalista tal qual o Windows o é!

O sistema que vai dar mais certo para seu caso vai depender das políticas adotadas pela empresa.
Deixe nos comentários se concorda comigo ou não 😉

3. Conclusão

A decisão a ser tomada diante de uma mudança tão drástica com certeza não se pode ser feita da noite para o dia, e é por isso que a 6 meses do fim do suporte ao Windows 10 eu trago algumas opções e comentários da minha experiência em campo que podem elucidar diversas questões!

E ai, o que acha disso tudo? LEMBRE-SE eu estou tratando de uma visão absolutamente corporativa.

No meu uso pessoal uma base ArchLinux tira muito mais proveito do meu hardware já que até o Steam Deck faz e o faz muito bem! Mas quando entramos no mundo dos CNPJ’s, tudo é dinheiro e o que puder ser bom, bonito, barato, funcional, prático e acima de tudo generalista, como o Windows o é, fará sucesso. – Bom, você pode usar uma base diferente como o ArchLinux se você estiver disposto a implementar ab-root, imutabilidade e mirror snapshot pra ter um controle interno de versão… E ainda vai perder pacotes exclusivos do Ubuntu, dependerá de AUR e voltar a novela da quebra de compliance.

E isso até certo ponto é o que falta pro Linux dominar tanto os lares quanto as empresas, deixar de ser tão fragmentado e KISS – keep it simple, stupid – para ser um pouco mais abrangente e satisfazer mais situações distintas, tal qual, o Windows é.

Fontes:
Techtarget

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