Ubuntu no SteamDeck

O quão opensource são os drivers do SteamDeck? Realmente está tudo no kernel mainline? Vamos instalar o Ubuntu no SteamDeck e descobrir!


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1. Introdução

Considerando que a Valve deixou seu hardware aberto, com a firmware UEFI de um computador doméstico convencional, trocar o sistema operacional e configurá-lo é tão prático quanto simplesmente formatar um computador comum com um pendrive plugado. Mas até onde tal liberdade/conveniência é de fato útil? Todos os drivers estão acessíveis para outros sistemas?

E depois de tantos meses, usar uma outra distro em um SteamDeck é viável? Qual o melhor sistema afinal?

1.1 Ventoy

O sistema utilizado para booting é o Ventoy na versão 1.0.89.

2. Outros sistemas?

Antes de partir para o Ubuntu, vamos ver os limites do hardware e dos softwares: ele roda FreeBSD? Inicializa LiveUSBs? Roda Manjaro? Posso entrar na DeepWeb com o SteamDeck? Consigo hackear o WiFi do vizinho?

Os sistemas testados foram os seguintes:

2.1 GhostBSD 22.06.18

Possui modo LiveUSB!

Infelizmente o sistema não inicializa. Ele abre a tela de logo do GhostBSD e depois para, a atividade USB congela.

2.2 ParrotSecurity OS 5.2 Electro Ara – Security Edition

Possui modo LiveUSB!

Infelizmente o sistema não inicializa. Ele abre a tela de Grub do Parrot e depois para, a atividade USB congela.

2.3 TAILS 5.10

Possui modo LiveUSB!

Infelizmente o sistema não inicializa. Ele abre a tela de Grub do TAILS e depois para, a atividade USB congela.

2.4 ZorinOS 16.02 Core r1

Esse funcionou em modo LiveUSB!

Já iniciado no formato Paisagem por padrão.

Dados do Sistema Operacional:

  • Kernel Linux 5.15.0-56-generic
  • API OpenGL 4.6 MESA 21.2.6
  • Consumo de memória em idle: 950 Mb

O que funcionou e o que não funcionou:

  • WiFi: Sim
    Acessos 2.4 Ghz e 5.0 Ghz
  • Bluetooth: Sim
    Busca e conectividade de periféricos.
  • Portas USB: Sim
    Velocidade e reconhecimento.
  • Touchscreen: Sim
    Layout do Touch Input: Paisagem
    Alguns sistemas podem ficar com o touch em retrato, enquanto o monitor fica paisagem.
  • Multi-telas via USB: Sim
    Tela conectada via HDMI no HUB USB.
  • Teclado Virtual Automático: Sim
    Ao abrir o terminal e tocar nele, o teclado virtual do próprio sistema aparece.
  • Status da Bateria: Sim
    Permitindo controle de Modo de Economia e/ou verificar a % restante antes de desligar.
  • Dois toques simultâneos na tela = Clique direito: Sim
    Alternativo à utilizar os demais comandos disponíveis.
  • L2/R2 reconhecidos como cliques esquerdo e direito: Sim
    Padrão do SteamOS
  • Modo touch integrado: Sim
    Se o mouse desaparece durante as operações de touch e a tela é responsiva a movimentos intuitivos de navegação.
  • Áudio: Não
    O sistema gera uma saída fictícia e não reconhece a placa de áudio.
  • Aceleração 3D: Sim
    Driver em uso: AMDGPU

Veredito: Funcionou bem com basicamente todos os recursos out-of-box! Os recursos touchscreen são habilitados por padrão, portanto a usabilidade é absurdamente confortável.

2.5 Ubuntu 22.04.02 LTS

Esse funcionou em modo LiveUSB!

Já iniciado no formato Paisagem por padrão.

Dados do Sistema Operacional:

  • Kernel Linux 5.19.0-32-generic
  • API OpenGL 4.6 MESA 22.2.5
  • Consumo de memória em idle: 1.6 Gb

O que funcionou e o que não funcionou:

  • WiFi: Sim
    Acessos 2.4 Ghz e 5.0 Ghz
  • Bluetooth: Sim
    Busca e conectividade de periféricos.
  • Portas USB: Sim
    Velocidade e reconhecimento.
  • Touchscreen: Sim
    Layout do Touch Input: Paisagem
    Alguns sistemas podem ficar com o touch em retrato, enquanto o monitor fica paisagem.
  • Multi-telas via USB: Sim
    Tela conectada via HDMI no HUB USB.
  • Teclado Virtual Automático: Sim
    Ao abrir o terminal e tocar nele, o teclado virtual do próprio sistema aparece.
  • Status da Bateria: Sim
    Permitindo controle de Modo de Economia e/ou verificar a % restante antes de desligar.
  • Dois toques simultâneos na tela = Clique direito: Sim
    Alternativo à utilizar os demais comandos disponíveis.
  • L2/R2 reconhecidos como cliques esquerdo e direito: Sim
    Padrão do SteamOS
  • Modo touch integrado: Sim
    Se o mouse desaparece durante as operações de touch e a tela é responsiva a movimentos intuitivos de navegação.
  • Áudio: Não
    O sistema gera uma saída fictícia e não reconhece a placa de áudio.
  • Aceleração 3D: Sim
    Driver em uso: AMDGPU

Veredito: Funcionou bem com basicamente todos os recursos out-of-box! Os recursos touchscreen são habilitados por padrão, portanto a usabilidade é absurdamente confortável.

2.6 Manjaro xfce 22.0.4 build 230222

Possui modo LiveUSB!

Infelizmente o sistema não inicializa, começa a carregar e para, a atividade USB congela.

2.7 LinuxMint 21.1 Vera – Cinnamon

Esse funcionou em modo LiveUSB!

Já iniciado no formato Paisagem por padrão.

Dados do Sistema Operacional:

  • Kernel Linux 5.15.0-56-generic
  • API OpenGL 4.6 MESA 22.0.5
  • Consumo de memória em idle: 900 Mb

O que funcionou e o que não funcionou:

  • WiFi: Sim
    Acessos 2.4 Ghz e 5.0 Ghz
  • Bluetooth: Sim
    Busca e conectividade de periféricos.
  • Portas USB: Sim
    Velocidade e reconhecimento.
  • Touchscreen: Sim
    Layout do Touch Input: Paisagem
    Alguns sistemas podem ficar com o touch em retrato, enquanto o monitor fica paisagem.
  • Multi-telas via USB: Sim
    Tela conectada via HDMI no HUB USB.
  • Teclado Virtual Automático: Não
    Ao abrir o terminal e tocar nele, o teclado virtual do próprio sistema aparece.
  • Status da Bateria: Sim
    Permitindo controle de Modo de Economia e/ou verificar a % restante antes de desligar.
  • Dois toques simultâneos na tela = Clique direito: Não
    Alternativo à utilizar os demais comandos disponíveis.
  • L2/R2 reconhecidos como cliques esquerdo e direito: Sim
    Padrão do SteamOS
  • Modo touch integrado: Não
    Se o mouse desaparece durante as operações de touch e a tela é responsiva a movimentos intuitivos de navegação.
  • Áudio: Não
    O sistema gera uma saída fictícia e não reconhece a placa de áudio.
  • Aceleração 3D: Sim
    Driver em uso: AMDGPU

Veredito: Funcionou bem com basicamente todos os recursos out-of-box! Porém até agora foi a distro menos user-friendly no quesito touchscreen, seu foco sempre foram os usuários domésticos de teclado e mouse. A “área” da ponta do dedo na touchscreen é basicamente do tamanho do mouse, o que a torna muito sensível.

Portanto no SteamDeck a tela touchscreen pode ficar subaproveitada devido a essa limitação. Isso, out-of-box, porque com ajustes/configurações ele pode obviamente ter o que falta.

2.8 openSUSE Tumbleweed – Snapshot 20230313

Somente instalação.

Infelizmente o sistema não inicializa, começa a carregar e para, a atividade USB congela.

2.9 Fedora KDE Plasma Desktop Edition

Esse funcionou em modo LiveUSB!

Iniciado como Retrato por padrão.

De início um pequeno erro devido a uma incompatibilidade do Wayland:

Keymap changes do not work in Plasma Wayland at present. Please use systemsettings5 instead.

Dados do Sistema Operacional:

  • Kernel Linux 6.0.7-301.fc37
  • API OpenGL 4.6 MESA 22.2.2
  • Consumo de memória em idle: 1.6 Gb

O que funcionou e o que não funcionou:

  • WiFi: Sim
    Acessos 2.4 Ghz e 5.0 Ghz
  • Bluetooth: Sim
    Busca e conectividade de periféricos.
  • Portas USB: Sim
    Velocidade e reconhecimento.
  • Touchscreen: Sim
    Layout do Touch Input: Paisagem
    Alguns sistemas podem ficar com o touch em retrato, enquanto o monitor fica paisagem.
  • Multi-telas via USB: Sim
    Tela conectada via HDMI no HUB USB.
  • Teclado Virtual Automático: Não
    Ao abrir o terminal e tocar nele, o teclado virtual do próprio sistema aparece.
  • Status da Bateria: Sim
    Permitindo controle de Modo de Economia e/ou verificar a % restante antes de desligar.
  • Dois toques simultâneos na tela = Clique direito: Não
    Alternativo à utilizar os demais comandos disponíveis.
  • L2/R2 reconhecidos como cliques esquerdo e direito: Sim
    Padrão do SteamOS
  • Modo touch integrado: Não
    Se o mouse desaparece durante as operações de touch e a tela é responsiva a movimentos intuitivos de navegação.
  • Áudio: Não
    O sistema gera uma saída fictícia e não reconhece a placa de áudio.
  • Aceleração 3D: Sim
    Driver em uso: AMDGPU

Veredito: Funcionou bem com basicamente todos os recursos out-of-box! Porém é a segunda distro menos user-friendly no quesito touchscreen, seu foco sempre foram os usuários domésticos de teclado e mouse. A “área” da ponta do dedo na touchscreen é basicamente do tamanho do mouse, o que a torna muito sensível.

Portanto no SteamDeck a tela touchscreen pode ficar subaproveitada devido a essa limitação. Isso, out-of-box, porque com ajustes/configurações ele pode obviamente ter o que falta.

2.10 KDE Neon User build 20230214.1145

Esse funcionou em modo LiveUSB!

Iniciado como Retrato por padrão.

Dados do Sistema Operacional:

  • Kernel Linux 5.15.0-60-generic
  • API OpenGL 4.6 MESA 22.2.5
  • Consumo de memória em idle: 930 MB

O que funcionou e o que não funcionou:

  • WiFi: Sim
    Acessos 2.4 Ghz e 5.0 Ghz
  • Bluetooth: Sim
    Busca e conectividade de periféricos.
  • Portas USB: Sim
    Velocidade e reconhecimento.
  • Touchscreen: Sim
    Layout do Touch Input: Paisagem
    Alguns sistemas podem ficar com o touch em retrato, enquanto o monitor fica paisagem.
  • Multi-telas via USB: Sim
    Tela conectada via HDMI no HUB USB.
  • Teclado Virtual Automático: Não
    Ao abrir o terminal e tocar nele, o teclado virtual do próprio sistema aparece.
  • Status da Bateria: Sim
    Permitindo controle de Modo de Economia e/ou verificar a % restante antes de desligar.
  • Dois toques simultâneos na tela = Clique direito: Não
    Alternativo à utilizar os demais comandos disponíveis.
  • L2/R2 reconhecidos como cliques esquerdo e direito: Sim
    Padrão do SteamOS
  • Modo touch integrado: Não
    Se o mouse desaparece durante as operações de touch e a tela é responsiva a movimentos intuitivos de navegação.
  • Áudio: Não
    O sistema gera uma saída fictícia e não reconhece a placa de áudio.
  • Aceleração 3D: Sim
    Driver em uso: AMDGPU

Veredito: Funcionou bem com basicamente todos os recursos out-of-box! Porém é a terceira distro menos user-friendly no quesito touchscreen, seu foco sempre foram os usuários domésticos de teclado e mouse. A “área” da ponta do dedo na touchscreen é basicamente do tamanho do mouse, o que a torna muito sensível.

Portanto no SteamDeck a tela touchscreen pode ficar subaproveitada devido a essa limitação. Isso, out-of-box, porque com ajustes/configurações ele pode obviamente ter o que falta.

2.11 endlessOS 5.0.1 build 230227.221141

Esse funcionou em modo LiveUSB!

Já iniciado no formato Paisagem por padrão.

Dados do Sistema Operacional:

  • Kernel Linux  5.15.0-47-generic
  • API OpenGL 4.6 MESA 22.2.0
  • Consumo de memória em idle: 1.2 Gb

O que funcionou e o que não funcionou:

  • WiFi: Sim
    Acessos 2.4 Ghz e 5.0 Ghz
  • Bluetooth: Sim
    Busca e conectividade de periféricos.
  • Portas USB: Sim
    Velocidade e reconhecimento.
  • Touchscreen: Sim
    Layout do Touch Input: Paisagem
    Alguns sistemas podem ficar com o touch em retrato, enquanto o monitor fica paisagem.
  • Multi-telas via USB: Sim
    Tela conectada via HDMI no HUB USB.
  • Teclado Virtual Automático: Não
    Ao abrir o terminal e tocar nele, o teclado virtual do próprio sistema aparece.
  • Status da Bateria: Sim
    Permitindo controle de Modo de Economia e/ou verificar a % restante antes de desligar.
  • Dois toques simultâneos na tela = Clique direito: Não
    Alternativo à utilizar os demais comandos disponíveis.
  • L2/R2 reconhecidos como cliques esquerdo e direito: Sim
    Padrão do SteamOS
  • Modo touch integrado: Sim
    Se o mouse desaparece durante as operações de touch e a tela é responsiva a movimentos intuitivos de navegação.
  • Áudio: Não
    O sistema gera uma saída fictícia e não reconhece a placa de áudio.
  • Aceleração 3D: Sim
    Driver em uso: AMDGPU

Veredito: Funcionou bem com basicamente todos os recursos out-of-box! Os recursos touchscreen são habilitados por padrão, portanto a usabilidade é absurdamente confortável. Porém o teclado virtual não inicia automaticamente ao tocar em um campo de digitação.

3. Ubuntu MATE 22.04.2 LTS

Vou fazer uma análise completa com o Ubuntu MATE 22.04.2 LTS, dentre todos os demais sistemas acima, porque eu utilizo ele no dia a dia, já tenho familiaridade com cada aspecto, problema e solução comum dessa distro.

Assim eu consigo fazer uma análise mais honesta de como seria migrar o SteamDeck para outro sistema Linux.

O desafio: Deixar o SteamDeck o mais útil possível dentro do meu fluxo de trabalho com a distro que estou acostumado e quais as soluções para contornar os problemas que surgirem.

É uma análise muito pessoal, porque cada usuário de Linux normalmente tem um fluxo de trabalho próprio, tem sua distro que atende suas necessidades, sua interface de usuário favorita, seus ajustes, enfim. Mas quero trazer com isso o que eu passei, pra observarem se poderiam passar por algo parecido e como poderiam contornar os problemas que enfrentei.

3.1 Instalação

Segui os preceitos base de uma publicação anterior do site de como configurar o Ubuntu 22.04.

Defini uma partição /EFI com 50 Mb e o restante como EXT4.
Fora isso, sem grandes segredos.

Após o primeiro boot é comum o sistema congelar na tela do GRUB. Uma solução é abrir o GRUB MENU, selecionar as opções avançadas e dar boot pelo kernel que acessa o Recovery Menu.

Por lá reconstrua o GRUB e depois vá em RESUME, aí o sistema deve iniciar normalmente.

Iniciado como Retrato por padrão.

Dados do Sistema Operacional:

  • Kernel Linux 5.19.0-32-generic
  • API OpenGL 4.6 MESA 22.2.5
  • Consumo de memória em idle: 1.2 Gb

O que funcionou e o que não funcionou:

  • WiFi: Sim
    Acessos 2.4 Ghz e 5.0 Ghz
  • Bluetooth: Sim
    Busca e conectividade de periféricos.
  • Portas USB: Sim
    Velocidade e reconhecimento.
  • Touchscreen: Sim
    Layout do Touch Input: Retrato
    Alguns sistemas podem ficar com o touch em retrato, enquanto o monitor fica paisagem.
  • Multi-telas via USB: Sim
    Tela conectada via HDMI no HUB USB.
  • Teclado Virtual Automático: Não
    Ao abrir o terminal e tocar nele, o teclado virtual do próprio sistema aparece.
  • Status da Bateria: Sim
    Permitindo controle de Modo de Economia e/ou verificar a % restante antes de desligar.
  • Dois toques simultâneos na tela = Clique direito: Não
    Alternativo à utilizar os demais comandos disponíveis.
  • L2/R2 reconhecidos como cliques esquerdo e direito: Sim
    Padrão do SteamOS
  • Modo touch integrado: Não
    Se o mouse desaparece durante as operações de touch e a tela é responsiva a movimentos intuitivos de navegação.
  • Áudio: Não
    O sistema gera uma saída fictícia e não reconhece a placa de áudio.
  • Aceleração 3D: Sim
    Driver em uso: AMDGPU

Com certeza, de todos os sistemas, foi o mais problemático! Não é pra menos, o Ubuntu MATE foi inspirado no antigo Gnome 2 e ainda carece de muitos recursos mais modernos de outras interfaces de usuário.

Dos problemas listados, as soluções foram:

  • Layout do Touch Input: Retrato
    Utilizei um script .sh que corrige o input do touchscreen. O código está no meu GitHub!
    Basta executar sem sudo e o sistema vai ficar na posição paisagem com o touch input também em paisagem.
  • Teclado Virtual Automático: Não
    Não consegui fazer ele surgir sempre que uma entrada de texto é selecionada. Porém pelo menos o ícone dele fica no desktop, sendo fácil de acessá-lo. Também é possível mapear um botão do corpo do SteamDeck para invocá-lo,
  • Dois toques simultâneos na tela = Clique direito: Não
    Também não possui segurar para clique direito. Não faz tanta falta, não procurei uma solução.
  • Modo touch integrado: Não
    É parcial, o mouse ainda aparece e o layout geral é pequeno. Aumentei a DPI do sistema pra 120 e o mouse ao ser movimentado responde bem à deslizar barras de rolagem ou mesmo páginas da web.
  • Áudio: Não
    Não funciona e não achei maneira de habilitar. Expliquei mais a respeito abaixo.

Após a instalação, atualizei o sistema e instalei as aplicações que costumo usar: GIMP, Google Chrome, Blender etc. Daí veio os tweaks e configurações!

3.2 Tweaks e Configurações

Agora entram alguns tweaks que eu gosto de fazer no meu sistema para otimizá-lo:

  • Mover as pastas /tmp e /var/tmp para a memória RAM, aliviando I/O de disco. Adicionar isso ao /etc/fstab:
    # Temp to ram!
    tmpfs /tmp tmpfs defaults 0 0
    tmpfs /var/tmp tmpfs defaults 0 0
  • Desligar todas as mitigações da AMD através do GRUB – Já falei a respeito aqui.
    As vulnerabilidades da CPU do SteamDeck são: sysret_ss_attrs spectre_v1 spectre_v2 spec_store_bypass retbleed
  • Remover todos os pacotes snap
    Por isso eu instalei as aplicações primeiro, aproveitei a Mate Boutique. Quando se remove os pacotes snap, a Boutique também é removida. Curiosamente ela roda sob snap mas instala as aplicações em .deb, então sua remoção não quebra as aplicações instaladas a partir dela.
  • Remover todos os pacotes envolvendo bluetooth – Não uso e consome recursos desnecessários.
  • Habilitar e configurar manualmente o teclado virtual do sistema.
  • Modificação no sysctl.conf:
    kernel.sysrq=1
    vm.swappiness=10
    vm.panic_on_oom=1
    kernel.panic=5
    Assim, além do REISUB, a SWAP fica limitada a usar somente quando a RAM atingir 90% e caso o Out of Memory encerre alguma aplicação, vai provocar um kernel panic; esse kernel panic será gerado com código 5: Reboot.

3.2.1 Hey, Som!

Nenhuma distro Linux funciona o áudio por padrão devido a polêmicas com o fato da Valve não liberar todos os drivers no kernel mainline. Nem mesmo a saída P2 é reconhecida. A solução paliativa chegou à 3 meses, através deste repositório.

Instalei os drivers conforme recomendado… não funcionou, porque exige kernel linux 6.1+
Portanto a quem for se aventurar trocando a distro, o áudio não funciona enquanto não estiver num kernel mais novo.

E claro, tentei forçar a troca do kernel no Ubuntu MATE, baixando o 6.2.7, ultima versão até a data desta publicação.
Após a instalação e reinício do sistema, o sistema não inicializa mais, congelando no GRUB.

Conforme fiz na instalação, novamente acessei como Recovery, refiz o GRUB e depois fui em RESUME, ele iniciou, porém perdeu o driver de vídeo… Portanto pelo menos por enquanto, o Ubuntu MATE 22.04 fica sem som no SteamDeck.

3.3 Benchmark

A título de curiosidade, vamos ver o desempenho do Unigine Superposition:

Pontuação 2150

  • Mínimo FPS: 13.51
  • Média FPS: 16.08
  • Máximo FPS: 19.53
  • GPU Temp Mín.: 44 graus
  • GPU Temp Max.: 77 graus

Pra refrescar a memória, o desempenho no teste com SteamOS havia sido:

Pontuação: 2039

  • Mínimo FPS: 12.55
  • Média FPS: 15.26
  • Máximo FPS: 18.61
  • GPU Temp Mín.: 45 graus
  • GPU Temp Max.: 79 graus

Portanto o resultado foi até MELHOR do que o visto lá no SteamOS, tanto em FPS, quanto temperaturas!

Um palpite meu é que o kernel Linux do Ubuntu MATE ser o 5.19 trouxe melhorias e otimizações que ainda não existem no kernel 5.13-custom do SteamDeck.

3.4 Games

Conforme observaram no benchmark anterior e também observei nos testes aqui, o desempenho do Ubuntu MATE contra o SteamOS é um empate técnico. Mesmos jogos, mesmos resultados, mesmas taxas de FPS, tanto pro Portal, pro CS: Go, o 171… Nada de novo a comentar aqui.

PORÉM, há games que deram novos problemas! Por exemplo o GTA IV não abre mais, acusando erros de DXVK.

Sem as otimizações específicas do SteamOS, e talvez correções/melhorias específicas da API Vulkan no sistema SteamOS, executar um game no Ubuntu MATE seria semelhante ao visto ao executar no Windows: tem jogos que rodam e tem jogos que não rodam.

Observo isso porque outros games que utilizam a API Vulkan via WINE, como o The Sims 4 que testei também, rodaram tranquilamente:

A Valve não dá qualquer garantia nesse aspecto em rodar jogos em outras distros: ela só garante a execução dos games no SteamOS. – Isso nunca foi exatamente bem esclarecido mas está nas entrelinhas.

3.5 Aplicações

Mesmos desempenhos e funcionalidades vistas no modo Área de Trabalho do SteamOS.
Nada novo a comentar aqui também. – E o Blender continua sem suporte a OpenCL/HIP para o Cycles…

3.6 Veredito

Quando lancei o desafio, eu esqueci de um detalhe: Meu fluxo de trabalho é baseado em teclado e mouse essencialmente. No celular eu quase não faço nada que faria no PC, portanto também não costumo usar telas touch com frequência

Então com meu Ubuntu MATE o SteamDeck funcionou bem… como um PC. E só. Teria que deixar ele numa dock com monitor, teclado e mouse, cabeado via rede, HDD Externo USB, fim. E aí eu desperdiçaria seu maior recurso: O fato de ser portátil.

4. Conclusão

Por mais que tenham vantagens em utilizar a minha distro favorita em vez do SteamOS:

  • O desempenho geral dos games ficou empatado com o SteamOS, com alguns games com melhor desempenho.
  • Conforto com a familiaridade com o sistema operacional, interface de usuário e temas.
  • Poder modificar o sistema ao meu bel prazer através do terminal de comandos e seu sistema de pacotes interno.

De fato, o driver de vídeo AMD utilizado pela Valve não é muito diferente do driver nativo de outros kerneis. Mas longe de ser uma questão de drivers, os empecilhos que encontrei nesta distro específica foram:

  • Há jogos que deixam de funcionar na troca de sistema.
  • A cada novo update de kernel, como foi do 5.19.0-32 para o 5.19.0-36, ele não inicializava mais.
    Precisei bootar no kernel Recovery pra fazer a correção no GRUB. Isso deve ser feito toda vez que chega um novo update.
  • A tela de login sempre inicia como Retrato e o teclado do sistema costuma ter algumas falhas. Não achei uma solução plausível e forcei o sistema a apenas iniciar direto, sem pedir senha.
  • A interface MATE naturalmente não possui uma boa otimização nem UI/UX para touchscreen. A navegabilidade chega a ser contraproducente, exigindo que se aumente a DPI para que os ícones fiquem mais fáceis de tocar enquanto utiliza o touch.
  • Nem todos os botões do corpo do console serão devidamente aproveitados. Apesar do trackpad direito mover o mouse, o esquerdo não rola páginas, como ocorre no Windows.
  • Além do grave problema de não ter qualquer saída de áudio.

Portanto semelhante ao que comentei na publicação do Windows no SteamDeck, executar outra distro, pelo menos o Ubuntu MATE no aparelho, é uma tarefa que exige muitas modificações para adequar o sistema; há games que se beneficiam da melhoria mas há games que simplesmente não funcionam mais.

Acredito que em outras distros como o Ubuntu 22.04 LTS ou ainda o ZorinOS, que possuem um excelente suporte à touchscreen, a usabilidade seja melhor. Mas ainda valem os avisos de que alguns games não funcionam, outros podem funcionar; fora os recursos que você não terá mais e os quais também perdi no Ubuntu MATE, como:

  • Atalhos do sistema SteamOS, como o Button Remap e o painel de gestão de taxa de frames na tela, que são recursos avançados inerentes aos drivers Linux.
  • Não há suporte ao FidelityFX Super Resolution (FSR): recurso que faz upscaling dos games de forma a reduzir consumo de energia, otimizar gráficos, aumentar o FPS e ainda preservar a qualidade geral.
  • Por mais que sua distro possua diversos modos de gestão energética, o sistema pode, dependendo da configuração, consumir mais recursos e energia que o SteamOS.

No fim, eu voltei para o SteamOS! A Valve se esforça bastante para tornar o sistema o mais perfeito possível para seu console portátil e os recursos agregados fazem valer a pena continuar nele.

#UrbanCompassPony

Fontes:
LinuxGamingCentral

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