“O código aberto é o caminho contra a complexidade de software”

No Open Source Summit 2018, Linus Torvalds falou sobre o processo de desenvolvimento do Linux, desafios de segurança e por quê o Linux irá prosperar mesmo depois que ele não estiver mais entre nós.

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Linus Torvalds não está mais preocupado com o que aconteceria com o desenvolvimento do Linux caso ele seja atropelado por um ônibus, já que está confiante de que existe um processo de fluxo de trabalho que garante o sucesso do kernel. Torvalds, o criador do Linux, compartilhou seus pontos de vista sobre o futuro do kernel em uma conversa com Dirk Hohndel, diretor de código aberto da vmWare, no Open Source Summit, em 31 de agosto.

Torvalds participou de uma palestra animada com Hohndel sobre uma ampla variedade de tópicos, desde as recentes vulnerabilidades da Intel Meltdown e Specter, o estado do desempenho dos mais diversos hardwares, o processo de desenvolvimento do Linux e o futuro do Linux sem a mão tutora de Torvalds.

“O que realmente me preocupa é o fluxo de patches; e o fluxo de trabalho é mais importante do que o código”, disse Torvalds. “Se você tiver o fluxo de trabalho certo, o código será resolvido e, se ocorrer um bug, saberemos como lidar com ele.”

Linus conversa com Dirk Hohndel na Open Source Summit 2018

Meltdown e Spectre

Em referência às vulnerabilidades de segurança Meltdown e Spectre que surgiram em Janeiro, Torvalds disse que se sente “injustiçado” quando o kernel Linux precisa corrigir os problemas de outra pessoa. Torvalds também não é um fã de manter vulnerabilidades secretas como as vulnerabilidades Spectre e Meltdown, mas houve uma necessidade de manter as informações privadas, o que significa que os desenvolvedores do kernel tiveram que manter algumas coisas sob sigilo e não foram capazes de fazer tudo ao “ar livre” como usualmente.

Durante a conversa, Hohndel também perguntou a Torvalds se ele sabia quando o próximo conjunto de problemas envolvendo as falhas Meltdown e Spectre seriam corrigidos no Linux.

“Eu não sei pra quando está programado e mesmo se eu soubesse, não seria capaz de lhe dizer”, brincou Torvalds.

Dito isso, Torvalds observou que os bugs Meltdown e Spectre se tornaram cada vez mais esotéricos ultimamente. Ele acrescentou que a Intel, assim como outras empresas do setor de TI, estão muito conscientes dos problemas e que ele está esperançoso de que, no futuro, haverá menos problemas envolvendo essas 2 falhas.

Computação quântica

Embora haja muita publicidade na indústria sobre o potencial da computação quântica, Torvalds não é um crente.

“Eu sou um grande incrédulo nessa coisa (computação quantica)”, disse Torvalds. “Eu estarei morto a muito tempo quando as pessoas puderem provar que estou errado.”

Torvalds também não vê o desempenho do computador acelerando tão rapidamente quanto antes e também não acredita que a Lei de Moore ainda seja uma realidade. Com a Lei de Moore, a ideia básica é que o poder de computação dobra a cada dois anos, o que Torvalds disse que isso realmente não está mais acontecendo.

“O desempenho não está realmente dobrando a cada dois anos e isso é bom”, disse Torvalds. “Isso significa que talvez voltemos ao tempo em que você se preocupa mais com o desempenho do lado do software e deveria ser mais cuidadoso com consumo de recursos, em vez de confiar cegamente num hardware mais potente.

O crescimento da comunidade

Torvalds também comentou sobre seu papel como mantenedor do Linux e o que pode ou deve ser feito para desenvolver uma comunidade de desenvolvimento como a vista na do kernel.

“Como o mantenedor de um projeto, seu trabalho é garantir que o projeto funcione tão bem quanto você puder e que você é responsável pelos desenvolvedores que tem”, disse Torvalds. “É o ‘se você construir eles verão um modelo’ – você precisa fazer tão bem que os desenvolvedores vão procurar por você.”

Torvalds também admitiu que ele não conhece todas as linhas de código no kernel Linux neste momento mas isso não é necessariamente uma coisa ruim.

“Ninguém conhece mais o kernel inteiro”, disse Torvalds. “Tendo olhado para os patches por muitos anos, eu conheço o quadro geral de todas as áreas no kernel e posso ver um patch e saber se está certo ou errado.”

Torvalds agora conta com um grupo de mantenedores e sub-mantenedores para lidar com as áreas específicas do kernel. Como tal, ele observou que, se ele fosse atropelado por um ônibus, o Linux continuaria, porque são os mantenedores que estão fazendo todo o trabalho pesado do desenvolvimento do Linux hoje.

A necessidade de vários desenvolvedores manterem partes diferentes do kernel é uma consequência natural devido ao tamanho do kernel. O tamanho do kernel também leva à complexidade, que é onde Torvalds disse que o modelo de código aberto é essencial para o sucesso do Linux hoje:

“Quando você tem complexidade, você não pode administrá-la em um ambiente fechado, você precisa ter as pessoas  encontram problemas e dar a eles a capacidade de se envolver e ajudá-lo a consertá-los”, disse Torvalds. “É um mundo complicado e a única maneira de lidar com a complexidade é a troca aberta de idéias”, finalizou.

#UrbanCompassPony

Fonte:
eWeek

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