UbuntuBSD

Conheça o UbuntuBSD: um Ubuntu sem Linux!


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1. Introdução

Esse é o tipo de situação curiosa que o mundo open-source nos proporciona.

Já sabemos que o Linux é um Kernel e sabemos que este é utilizado por inúmeros projetos, e as distribuições Linux como o Ubuntu são um exemplo disso.

Porém, da mesma forma que você pode mudar a interface gráfica do sistema, de Unity para Gnome, de Gnome para KDE Plasma e etc, você também pode mudar o próprio Kernel! E é justamente isso que o projeto UbuntuBSD visa, disponibilizar o Ubuntu com o Kernel do FreeBSD.

2. Um Ubuntu sem Linux

O UbuntuBSD nasceu sob o lema “Unix for human beings“, – UNIX para seres humanos numa tradução livre – o que é uma brincadeira sob o lema do Ubuntu oficial – Linux for human beings.

A ideia por trás do UbuntuBSD é fazer o mesmo que o Ubuntu conseguiu fazer com o Linux nos últimos anos: tornar o BSD algo acessível até mesmo para leigos.

Basicamente o que fizeram foi remover o Kernel Linux do Ubuntu e inserir o Kernel BSD nele, mais especificamente o kFreeBSD, kernel do sistema FreeBSD. Claro que a mudança não foi fácil e diversos códigos tiveram que ser editados, mas no geral, o sistema se comporta bem.

3.

Com o comando uname, você pode confirmar que o sistema executa sob o kernel BSD!
E o kFreeBSD foi utilizado nesse projeto por ser, dentre os BSD’s conhecidos, o que possui maior compatibilidade com hardwares diversos ao trazer a maior quantidade de blobs proprietários e opensource.

Print do Terminal do UbuntuBSD: Em vez de GNU/Linux, o sistema é denominado GNU/kFreeBSD!

4. Download e Instalação

O download pode ser realizado clicando aqui. A gravação no pendrive pode ser no mesmo esquema usado pra se gravar um Ubuntu, quaisquer de seus sabores enquanto que a instalação do UbuntuBSD segue a mesma maneira do Ubuntu Minimal, com uma interface semi-gráfica, rodando sob o terminal.

Interface de instalação do UbuntuBSD

Apesar de ser uma interface sob o Terminal, as instruções são bem simples, bastando o domínio do idioma Inglês se fazer necessário.

No momento do particionamento dos discos, tem a opção automática que já configura todo o disco para isso. Possui interface XFCE como opção padrão, bastando selecioná-la quando for perguntado, conforme imagem acima.

Observação:

O sistema é uma versão Beta e está sujeita a diversos bugs! Portanto se for experimentá-lo, recomendo que seja sob uma máquina virtual antes de se aventurar nele. Além disso o projeto não recebe atualizações a 5 Anos, o que o coloca como defasado ante outras distros Linux e/ou mesmo o próprio FreeBSD.

Baseado no Ubuntu 16.04 LTS, o kFreeBSD utilizado é a versão 10.3, XFCE na versã0 4.12.3 e sistema de arquivos ZFS, em vez do EXT4. O port para o ZFS repercutiu alguns problemas com licenças com a Sun, proprietária dele, mas tudo está resolvido. A seguir falo mais do ZFS!

5. Init vs SystemD

O kernel BSD, ao contrário do kernel Linux, ainda utiliza o Init em vez do SystemD. Sem entrar em detalhes, pois já abordamos as vantagens e desvantagens de ambos neste post, o Init promove um boot visivelmente mais lento, por executar cada instrução em fila, em vez de fazer uso de multi-processamento para executar mais de uma instrução paralelamente.

Testando a resistência a falhas, liguei a máquina virtual e cheguei até a tela de login do XFCE.

Bastou 1 reinício forçado, abrupto, e o disco rígido apresentou inconsistências, entrando em bootloop, pedindo que eu faça o comando fsck externamente para corrigi-lo.

Acredito eu que o culpado maior disso está no ZFS, que foi portado para o UbuntuBSD; devido a restrições de licenças, parte do código dele foi reescrito e isso pode ter causado instabilidades e menor tolerância a falhas. Lembrando, claro, o sistema é uma versão Beta!

6. Utilização

O sistema uma vez iniciado se comporta como um Ubuntu em diversos e surpreendentes aspectos.
Quero destacar de imediato que até o APT se manteve, fazendo jus ao fato de que apenas o kernel kFreeBSD foi portado para o Ubuntu!

Print tirado do Terminal do UbuntuBSD: Execução de comandos e pacotes como o dpkg e apt funcionam bem. Infelizmente podem haver problemas com a sincronia dos repositórios, uma vez que o Ubuntu 16.04 LTS ja está chegando ao fim de sua vida útil e a distro está longe de receber atualizações.

Ao final do comando, a confirmação de que o pacote APT está rodando sob o kernel kFreeBSD.

Interface XFCE é a única disponível por padrão junto ao sistema. Seu uso é amigável tal qual o Xubuntu!

Gestor de arquivos do UbuntuBSD

Importante ressaltar que os repositórios do UbuntuBSD são diferentes e exclusivos dos repositórios do Ubuntu tradicional! Portanto nem todos os pacotes estarão disponíveis para o UbuntuBSD.

7. Games

O UbuntuBSD possui contrapontos importantes:

  1. Uma vantagem poderosa é o fato do BSD ser extremamente leve e otimizado. É um dos inúmeros motivos pelos quais o BSD é uma escolha na hora de desenvolver consoles. O PlayStation 4 e o Nintendo Switch são exemplos de videogames que executam sob o kFreeBSD. Mais enxuto que o Linux, o kernel BSD possui menos instâncias consumindo menos recursos de hardware desnecessariamente.
  2. Um problema é que os drivers são escassos e obsoletos. O BSD não recebe updates com a mesma frequência do Linux, portanto não será uma boa escolha caso você possua um hardware de ponta recém lançado e/ou precise de um driver específico.
  3. Com relação exclusiva do UbuntuBSD, não pude testar nada sob o WINE pois o ‘apt update’ do UbuntuBSD estava com problemas quando testei. Talvez pela obsolescência do repositório.

8. Vale(u) a Pena?

O UbuntuBSD era realmente necessário? O Linux já não era bom o suficiente?

Alguns podem pensar que apenas foi confirmada uma filosofia do inconsciente coletivo da comunidade open-source: Fiz porque eu quis e porque eu posso! Afinal, podemos escolher o que queremos e usar o que consideramos ser mais vantajoso como quisermos.

Mas o UbuntuBSD trouxe a proposta real de ser uma opção a servidores, sendo muito além do que o Ubuntu Server atualmente é: Ter a alta compatibilidade de softwares que o Ubuntu possui mas trazendo a alta segurança, desempenho e estabilidade que somente o FreeBSD poderia proporcionar. Unir os dois de uma maneira amigável, imagino eu, foi um desafio e tanto que valeu a pena para promover o BSD na comunidade.

Infelizmente, existente desde a versão 15.10, o UbuntuBSD continua em uma versão Beta sujeita a diversos bugs onde eu, particularmente, não recomendo seu uso em ambientes de produção e servidores.

O simples fato do “apt update” vir com problemas e não querer atualizar de nenhuma maneira quando tentei utiliza-lo, só me afastou de criar interesse verdadeiro nesse sistema.

Por outro lado, a presença do kernel BSD torna-o uma opção interessante de distro para o usuário comum, uma vez que ele é mais enxuto e mais otimizado que o Linux, vir com ZFS e vir compatível com toda a gama de programas nativos disponíveis para a família Ubuntu.

Ainda tenho esperanças que o UbuntuBSD não seja mais um Abandonware e que um dia seu desenvolvimento volte com mais força e constância!

#UrbanCompassPony

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