O OpenSource diante da Guerra Rússia e Ucrânia

Quais as atuais posições político-sociais das diversas instituições do mundo OpenSource diante da guerra da Rússia com a Ucrânia?


| Se você apoia nosso site, desative o AdBlock quando visitá-lo, inclusive em Mobile!
Os anúncios são poucos e não invasivos. Se quiser contribuir com nosso trabalho, clique em qualquer banner de sua preferência, exceto dos Parceiros. 
Mais detalhes clicando aqui.


Introdução

Com a atual invasão da Rússia á Ucrânia, culminando na guerra que estamos testemunhando nos telejornais, diversos governos estão utilizando de ações dissuasivas para enfraquecer ou extirpar o poderio Russo no que tange o conflito. E tal qual o pessoal desenvolvedor do mundo OpenSource tem tambem certo papel nisso, uma vez que boa parte das sanções estão sendo digitais e serviços de origem de código aberto são fundamentais para o funcionamento de determinadas instituições do próprio governo da rússia!

A rússia em sua política já longínqua de se manter distante de tecnologias ocidentais, adotou softwares open source, em maior parte o próprio sistema Linux modificado, para suprir suas necessidades tecnológicas científicas, técnicas, civis e militares. A exemplo temos a adoção em maior escala e expansão de softwares como os sistemas AltLinux, AstraLinux, Yandex, Sailfish OS e KolibriOS, entre outros.

1. Rússia

No início desta semana, o gateway de código aberto Scarf começou a limitar o acesso a pacotes de código aberto para o governo russo e entidades militares. No anúncio da empresa , o CEO e fundador da Scarf, Avi Press, escreveu que “a Scarf bloqueará todos os downloads de pacotes e contêineres originários de fontes do governo russo até segunda ordem”.

A empresa, obviamente, não é a única a fazer tal movimento nesta semana, com a Oracle suspendendo todas as operações na Rússia, a Hashicorp proibindo o acesso a seus produtos e a Apple interrompendo todas as vendas na Rússia. Havia vários outros, mas as ações de Scarf particularmente se destacam – na medida em que a restrição aqui se aplica a softwares de código aberto, não proprietário.

2. OpenSource

Quando se trata de software de código aberto, a definição da Open Source Initiative é bastante objetiva: não deve haver “nenhuma discriminação contra pessoas ou grupos” e “nenhuma discriminação contra áreas de atuação”. Cada um desses critérios se aplica à licença do referido software de código aberto, porém a distribuição desse mesmo software pode ser uma questão totalmente diferente, argumenta Press.

“Há uma diferença entre o código e os repositórios onde colaboramos no código, versus, os canais de distribuição onde esse código é distribuído”, disse Press em entrevista. “Só porque você tem permissão livre para baixar o próprio código-fonte, em vez de, digamos, baixar um aplicativo em Docker para que eu possa ativar um ecossistema de infraestrutura inteiro dentro do meu firewall e tudo funcionar com o clique do botão, são duas coisas completamente diferentes. Ter mais controle sobre esse canal de distribuição não afeta realmente a natureza do escopo dessas licenças.”

Embora Press concorde que contornar essas restrições, pelo menos quando apenas uma empresa as está implementando, pode ser algo trivial, ele afirma que a comunidade de código aberto em geral pode fazer a diferença trabalhando em conjunto.

“Se cortarmos a cadeia de fornecimento de software em todos esses níveis diferentes, isso pode se tornar rapidamente insustentável”, disse Press. “Acho que isso realmente reforça a ideia de que, se houverem muitas partes diferentes criando e mantendo esse tipo de software que estão trabalhando em conjunto, isso pode realmente fazer a diferença ao longo do tempo.” – Diferença esta no quesito de sanção digital contra a Rússia.

Na postagem do blog, Press pede a outras empresas no espaço de código aberto que sigam o exemplo, observando ainda que “todo registro de pacote e contêiner também precisa oferecer maior observabilidade de distribuição, para que possamos tornar esses esforços eficazes em todo o ecossistema OpenSource”.

“Acho que todo aquele que cuida de registro de pacotes deveria se juntar a nós. NPM, Docker Hub, quero dizer, escolha seu idioma – Sonatype, Maven Central, Hackage, todos esses repositórios de pacotes deveriam fazer isso”, disse Press. “Você pode ter acesso aos repositórios brutos de todo o software, mas se você não tiver um gerenciador de pacotes funcional, [se os repositórios estão offline], seu desenvolvimento de software simplesmente parará.”

3. Fatores Limitantes

Pelo menos duas empresas que a Press pode citar – GitHub e GitLab – se recusaram a limitar o acesso a usuários na Rússia, embora os pedidos para isso tenham sido mais amplos do que limitar o acesso ao governo russo e às organizações militares. Este é outro ponto de distinção para as ações de Scarf. Embora Press escreva que “o tráfego originário de outras fontes russas, como empresas, provedores civis de serviços de Internet ou outros, não será afetado por essa mudança”, as medidas de outras empresas citadas são proibições gerais em toda a Rússia, não apenas ao governo russo.

Essa ideia de restringir o acesso ao software de código aberto surgiu em um tópico no libreplanet listserv, com o desenvolvedor tcheco Jacob Hrbek perguntando aos membros da Free Software Foundation (FSF) “Devemos e podemos tomar medidas para prevenir/reduzir o acesso da Rússia ao nosso software ?”

Embora as respostas tenham variado, elas tenderam para os ideais tipicamente rígidos da FSF, que afirmam que de acordo com as “quatro liberdades”, não devem haver restrições, sem exceções.

Coraline Ada Ehmke , fundadora e diretora executiva da Organization for Ethical Source, contestou a posição da FSF.

“Não podemos celebrar simultaneamente a crescente adoção de tecnologias livres e de código aberto por governos e militares em todo o mundo e também nos isentar de qualquer responsabilidade quando nosso trabalho é usado ou abusado para causar danos em escala sem precedentes”, escreveu Ehmke. “A insistência tradicionalista do FLOSS na neutralidade da tecnologia, consagrada na Freedom Zero, está cada vez mais em descompasso com a realidade de seu impacto global. É claro que não podemos evitar todos os abusos potenciais do software livre e de código aberto, mas isso é realmente motivo suficiente para levantar as mãos e não fazer nada?”

Stefano Maffulli , diretor executivo da Open Source Initiative, também disse que as restrições gerais à Rússia acabariam prejudicando os cidadãos russos muito mais do que “os militares russos e as elites poderosas que certamente têm meios para desenvolver soluções alternativas” – tal qual elas tem feito! – , mas também concordou que restringir o acesso à distribuição de código aberto poderia ser um meio eficaz de protesto.

“Esta não é a primeira vez que a definição de código aberto e o OSI são pressionados a discutir as implicações éticas da liberdade que as licenças de código aberto concedem. Houve um tempo durante o governo Trump em que alguns mantenedores de projetos de código aberto removeram o acesso a seus repositórios quando descobriram que o ICE estava usando seu código. O que teria sido bom se eles fizessem exatamente isso. Mas em vez disso eles mudaram suas licenças adicionando restrições, por exemplo: você não pode usar este código se você trabalha para o ICE, ou você não pode usar este código se estiver prejudicando as pessoas… etc”, escreveu Maffulli em um e-mail.

“As licenças não dizem que indivíduos e corporações devem continuar fazendo negócios com um tirano”, acrescentou Maffulli, observando que limitar a distribuição, em vez de alterar o licenciamento, era “uma distinção sutil”, encerrou.

4. Análise Opinativa

Temos duas posições quase tão extremas quanto as do próprio conflito que as originou. Por um lado o software Free and OpenSource possui o conceito primordial de ser realmente livre e o bloqueio de um repositório por exemplo não seria um problema, não quebraria nenhuma cláusula da licença. Porém uma sanção imposta a uma nação em um conflito armado se torna algo imperativo de se realizar, justamente para tentar mitigar o conflito. – A paz deve ser sempre o objetivo maior!

Nessa análise opinativa eu argumento na seguinte questão:

Estamos em tempos extremos com lei marcial válida no território Ucraniano, vidas estão sendo perdidas e o conflito está longe de ter um fim no que depender dos russos.

Uma vez que empresas tão importantes como gerenciadoras de bandeiras de cartões de crédito, a própria Apple, Microsoft, e tantas outras da tecnologia aplicaram suas sanções em todo o território russo sem exceções, causando sim prejuízos a cidadãos e membros acadêmicos por exemplo, o mundo FOSS poderia fazer o mesmo bloqueando seus sites e repositórios para toda a Rússia. Existe algo mais fundamental que acesso ao seu dinheiro nesses tempos de crise político-econômica?

Portanto um sistema Linux sem repositório é inútil por uma série de fatores! Imagine sem atualizações, novas instalações sem configurações, drivers que costumam ser fornecidos apenas via repositório?

São tempos extremos e medidas extremas infelizmente são cabíveis para que se tente mitigar o conflito, evitando ao máximo que a contra-parte, ou seja, o ocidente por exemplo, precise empunhar suas armas e partir para um contra-ataque, causando ainda mais prejuízos em vidas.

Enquanto puderem ser realizadas sanções virtuais, que sejam feitas! Todas que puderem ser realizadas.

#UrbanCompassPony

Fonte:
TheNewStack

4 comentários em “O OpenSource diante da Guerra Rússia e Ucrânia”

  1. Open Source™ é coisa de gringo. Serve aos interesses deles.
    Código Aberto é a versão aguada e corporativa do movimento por tecnologias livres.
    “Free” eu nem sei o que é. É gratis?

    O fogo é viver uma vida assistindo os Estados Unidos bombardeando de todas as formas os países em desenvolvimento e populações inocentes (incluindo com comida sem valor nutritivo, cultura lixo e aculturação lingüística) e ter que aturar eles quererem banir os outros quando os outros estão errados.

    Não é nem como se os EUA tivessem parado de fazer isso. Enquanto estiver lendo isto, capaz de estarem bombardeando escolas, mesquitas, hospitais…
    Em nome desse “Free” aí e algum falso cognato de “Democracia”.

    Precisamos de tecnologias livres, não de corporativismo, travas digitais e novos sistemas de monitoramento e alienação.

    Que nenhum imperalismo venha tirar minha capacidade de ler Literatura de qualquer lugar, contribuir com pessoas bem intencionadas em qualquer parte do mundo, e rodar o que eu qusier em minha máquina.

    Responder
    • “São tempos extremos e medidas extremas infelizmente são cabíveis para que se tente mitigar o conflito” – Realmente, matar árabe não é extremo. Poxa. Torturas, bombardeos, estratégias à longo prazo para tornar populações mais burras ou dependentes, golpes de Estado, nada disso é grave se não for no hemisfério Norte.

      Acha mesmo, depois dos escândalos da Cambridge Analytica que não houve alguma direção da CIA, para que o Facebook ficasse reforçando o nome e a imagem de um certo desprezivel aí em 2018?

      Espera-se que os auto entitulados “de Humanas” joguem fora, mesmo, o conhecimento matemático e científico, passem a acreditar em Astrologia e coisas do gênero, mas não que pessoas com determinado conhecimento de tecnologia esqueçam toda a educação básica. Não lembra que as ditaduras do século passado no sul da América foram financiadas pelos EUA? Lembra de Salvador Allende?

      Já parou para olhar quantas pessoas em um país qualquer desses que ficou sediado por décadas desde o começo do milênio – Iraque, Afeganistão – morreram por conseqüência direta das tropas estadunidenses?

      Nunca abriu o sítio wikileaks? Lembra-se de um jornalista que está preso ilegamente hoje, neste exato momento, prestes a sofrer uma deportação sem precedentes na História?

      Você já conheceu algum russo? Já conversou, em especial, com aqueles que contribuem com o SL?
      Eu já, e nenhum deles apoia nem o Putin nem a guerra.
      Tinha russo do SL sumindo ao tentarem disseminar canais de livre comunicação, para que eles pudessem se organizar contra o Estado e contra a guerra.

      Pergunta se algum estadunidense tem alguma opinião forte sobre as guerras supremacistas travadas pelo Estado deles.
      Nem você liga, acha que eles ligam?
      O jeito é seguir, consumir algum besteirol tomando milquecheique de beicom e não questionar o discurso hegemônico.

      Francamente…
      Defender a implementação de tecnologias de sensura e alienação não condiz com a computação livre. Talvez com o Open Source™, mesmo.

      Isto tudo só demonstrou a gravidade de dependermos de sistemas centralizados e corporativos, como o GitHub da Microsoft. Qualquer outra análise é a não-análise e papagaismo.

      нет войне

      Responder
      • Muito bom teu comentário!
        Bacana também ter tentado usar meu próprio email pra comentar kkkkkkkkkkkk editei pra não zoar o rolê.

        Inclusive interessante notar que você fez vários comentários usando nicks diferentes pra diminuir sua impressão digital aqui, só que seu modo de escrita é muito característico e aqui eu também vejo o IP de quem escreveu os comentários, todos vieram do mesmo IP de Recife, Pernambuco.

        Há algumas falhas na sua tentativa de se esconder do Big Brother tecnológico que tenta sugar as almas virtuais dos desavisados………Experimente uma VPN internacional ou ainda comentar sob a rede TOR kkkkkk Ah, quando comentar, tente mudar o jeito de escrever, pontuação, parágrafos, textões, etc. Tirando isso, o resto foi muito pertinente, não quis ser ad hominem afinal nem te conheço, portanto aprovei os comentários!

        Como diria o SubZero, have an Ice Day

        Responder

Deixe um comentário