Review: Lenovo Thinkpad, um Notebook Ideal para Usuários Linux!

Pra muitos desenvolvedores, os melhores notebooks para os usuários Linux são os da Lenovo, especificamente os modelos Thinkpad. Entenda nesta publicação o por quê de tal escolha e suas principais vantagens.

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Atenção: O seguinte artigo é de expressa e simples opinião do autor.
O objetivo é informar e trazer conteúdo baseado em testes reais.

1. Introdução

A ideia dessa review surgiu depois que eu comprei um Lenovo Thinkpad, usado, pra trabalho, já que eu presto suporte técnico em diversas empresas. Minha surpresa maior foi quando coloquei meu bom e velho Ubuntu MATE 18.04 com kernel 4.19.x LTS para rodar.

Simplesmente perfeito e eu vi a necessidade de compartilhar os motivos disso para com meus leitores! Há muito da parte técnica, de fato o notebook é voltado a desenvolvedores, porém eu julgo que estudantes também podem se beneficiar em muitos níveis com ele.

Há sempre aquela discussão nos fóruns:

• Qual o melhor hardware, quando o assunto é usar Linux?
• Qual a melhor escolha?
• Custo/benefício?
• Compatibilidade?

Essas questões são em partes subjetivas, porque ao mesmo tempo que o Linux roda em uma centena de milhares de hardwares específicos, também vê-se problemas diversos em diversos hardwares, podendo haver casos até que um determinado driver não executa ou deve ser compilado. – Ou pior, inexiste.

2. IBM®

A IBM tem boa fama no mercado corporativo desde a década de 80 com seus mainframes UNIX®, por serem máquinas para trabalho duro e longo, sendo duráveis e confiáveis. E dentro desse escopo a IBM também dá um excelente suporte empresarial ao Kernel Linux, provendo todos os drivers nativamente, do Wifi á placa Bluetooth que eles produzem e/ou fornecidos por parceiros. – Não é a toa que o Linux dominou os principais supercomputadores, ele tem um bom suporte a essas máquinas!

A aquisição da Lenovo como uma de suas subsidiárias trouxe o padrão IBM de qualidade a um preço mais acessível aos usuários de pequenas e médias empresas, pois parte da construção de algumas máquinas de linhas especificas da Lenovo, como o Think, possuem a qualidade vista nos grandes computadores industriais.

3. Lenovo

Dentro do que a Lenovo produz, temos diversos computadores e notebooks, que normalmente rivalizam com Dell e Acer no mercado doméstico. Mas existe uma linha especial chamada Think, que são máquinas para serem usadas na industria e em grandes empresas. A questão é que, algumas workstations e notebooks podem muito bem serem usados no dia a dia, enquanto que o usuário comum terá os benefícios interessantes dessas máquinas.

4. Linha Think

O foco deste artigo são os notebooks (como falei, principalmente os estudantes), mas o que mencionei aqui também vale pra linha Think M, que são as máquinas desktop convencionais para serem usadas em estações de trabalho e outros.

Computador ThinkCentre, modelo básico usado como estação cliente para empresas podendo ser facilmente utilizado como máquina doméstica a um preço relativamente atraente.

Modelo de um ThinkServer com processador Intel® Xeon.

O foco do artigo aqui em questão são os notebooks, afinal possuo um.
Mas sejam os elogios e críticas, também valem para as máquinas ThinkServer e ThinkCentre, pois também ja dei manutenção nelas. Estruturalmente, não são tão diferentes dos notebooks, algo que também vou esclarecer mais abaixo!

5. Notebooks

O notebook que será o cerne da review desta publicação é um Lenovo Thinkpad X240 usado, que adquiri a alguns dias por um simpático vendedor do Mercado Livre®.

Lenovo® Thinkpad

As especificações dele são as seguintes:

• Processador Intel Core i5 4300U vPro @ 2.9 Ghz
• Placa de vídeo Intel HD Graphics 4400
• Memoria RAM de 8Gb DDR3 @ 1600 Mhz
• Placa Wifi Intel 7260 @ 2.4Ghz + 5Ghz
• Porta Ethernet /1000 Modelo I218-LM
• Tela 12.5″ HD LED (1366 x 768) Antirreflexo
• Leitor de impressões digitais (alguns modelos, o meu não tem)
• UltraNav™ (TrackPoint + ClickPad)
• Alto-falantes estéreo (2x 1W) (2x 1.5W) com tecnologia Dolby® Advanced Audio™ v2
• Microfone duplo, combo Áudio jack (microfone e fone de ouvido)
• Suporte a dock station. (Vendido separadamente)
• Teclado retroiluminado na cor branca com 3 escalas de brilho, de 0 a 2.
• Dupla Bateria
  Peso:
  3 + 3 Células – a partir de 1,42 kg
  3 + 6 Células – a partir de 1,58 kg

As especificações não são tão assombrosas, de fato. O que chamo atenção é justamente aos detalhes, é o que torna esse notebook verdadeiramente diferente:

• O processador é da linha vPro
  A linha vPro possui recursos especiais de segurança, sistema anti-furto na BIOS. Otimiza o uso energético dando maior desempenho com menos consumo de bateria, além de ter estabilidade para multitarefas.
• O driver da porta Ethernet é o e1000e, o mesmo que inicia com os servidores da IBM® que usam portas da Intel.
  Ele é um driver perfeitamente escrito pra Linux que não causa qualquer latência, lentidão, travamento ou instabilidade via cabo de rede. O mesmo vale pro Wifi: O driver é nativo e com suporte perfeito, jamais dando problemas.
• Possui dupla bateria.
  Isso significa que ele vem, normalmente, com 3 células internas (23.5 Wh) + 3 células externas Li-Ion (23.5Wh), proporcionando uma autonomia de até 8,7 horas*. A bateria externa pode ser trocada por uma maior de 6 células Li-Ion ( 47.5Wh, totalizando 70 Wh), resultando em uma autonomia de até 13,1 horas*
  Como mencionado, afeta o peso: 3 + 3 Células fica a partir de 1,42kg e 3 + 6 Células o notebook passa a ter 1,58kg
• A respeito do UltraNav™ (TrackPoint + ClickPad):
  O TrackPoint é aquela bolinha vermelha no meio do teclado. Ela é um “analógico” que movimenta o mouse, extremamente sensível. É interessante para trabalhos que exigirem precisão milimétrica do movimento do mouse, funcionando como um “touch de alta DPI”. Enquanto isso, o ClickPad é o fato de que todo o touchpad é clicável com um botão mecânico.
• A dock adiciona uma infinidade de portas USB, DVI, HDMI e outras ao notebook, agilizando sua locomoção: Você apenas encaixa ele na dock e já fica pronto pra uso, já que ela também fornece energia e recarrega as baterias.

Dentre as portas adicionais estão 6 portas USB sendo 4 delas 3.0, conector de audio P2, saída de vídeo DVI e conexão á internet via cabo. A dock torna prático plugar um monte de cabos num prático encaixe!

Lenovo na dock.

A lateral esquerda possui uma caixa que faz um redirecionamento de ar da saída do cooler mas nada que afete a refrigeração, na verdade ele desvia o ar para trás, desviando o incômodo ar quente que normalmente sai pela lateral.

Detalhes das conexões de um dos modelos da dock de um Thinkpad.
Ela possui inclusive uma chave que trava o notebook á dock, como medida protetiva anti-furto.
A dock possui conector de energia, recarregando o notebook.

• Alguns modelos de notebooks da linha Thinkpad suportam troca da BIOS original pelo Libreboot, Middleton’s BIOS e tambem á TTav134’s BIOS. – Alô Stallman, esse pode te interessar!
• Poder total:
  Quando o cabo de energia não está presente, o processador opera como em um notebook normal, diminuindo o clock. Porém se você mudar o Governador de CPU para Performance, mesmo na bateria, o notebook vai executar a 2.9 Ghz e, se você executa algum algum game ou mesmo renderiza algo no Blender, rodará com desempenho total!
  Claro que assim uma bateria mal vai durar 1h de uso, mas essa 1h será com total uso do hardware, sem limites.
• O mapa de teclas do teclado o Linux possui suporte melhor que o Windows 10 Pro. Quando instalado, o Windows fica sem acesso á tecla correspondente a  ? /  que só pode ser utilizada após o usuário fazer uma configuração manual via REGEDIT. No Linux, o suporte é nativo:

• Ferramentas de calibragem de bateria são nativas do Windows 8.1 com um suporte limitado ao Windows 10.
  No Linux o suporte é total. – Farei uma publicação dedicada sobre posteriormente!
• Fabricação:
  É notável o quanto desde a carcaça até o arranjo dos componentes internos do notebook são mais reforçados/resistentes que a média dos notebooks no mercado. A dobradiça da tela permite que ela fique deitada totalmente paralela com a mesa, enquanto o acabamento emborrachado do notebook gera uma pegada firme em mãos e apoio. Fica nítido que todo o processo de fabricação volta-o a um uso mais intenso em campo, ou seja, na industria e em grandes empresas.

*A autonomia da bateria poderá variar dependendo da configuração, dos aplicativos carregados, das configurações de energia e dos recursos utilizados.

Em uso normal, a bateria aqui dura aprox. 6h com a externa de 47Wh. Quando me refiro a uso normal, é Chrome aberto, musica tocando de fundo e alguns documentos abertos no LibreOffice. Se a máquina ficar apenas com a tela ligada exibindo o desktop, ou seja, em idle, esse tempo aumenta pra ~13 h.

5.1 Benchmark

Fiz um benchmark com o Unigine Heaven, que é a demo que roda bem nessa placa de vídeo do notebook, comparando o desempenho do Windows 10 Pro vs o Ubuntu 18.04 LTS. Os resultados são curiosos, considerando que usei o kernel 5.1.15:

Ubuntu com Kernel 5.1.15

Por mais que acuse uma detecção incorreta da memória (256mb), ele fez uso da memória de GPU sem problemas.

Windows 10 Pro com OpenGL

Windows 10 Pro com DirectX 11

Por pequena que seja a diferença, o Linux saiu em vantagem até mesmo contra o DirectX 11. Lembrando que o teste usa apenas OpenGL, possivelmente com Vulkan teríamos resultados ainda mais discrepantes e interessantes.

Considerando que existem modelos de Thinkpad com GPU NVIDIA®, ficamos curiosos com as possibilidades!

5.2 Resistencia

Você deve estar se perguntando: É muito resistente?

Os ThinkPads usam os parâmetros do US Department of Defense’s MIL-STD 810G pra criar dispositivos resistentes a situações extremas de estresse de temperaturas altas e baixas, quedas, explosões atmosféricas e mais. Esse Thinkpad W520 da imagem pegou fogo em 2013 numa revenda da Lenovo e ainda funciona! A tela, a placa mae e o HD sobreviveram. 6 anos depois ainda perfeito, funciona numa vitrine de um shopping, pra demonstrar o poderio dele.

6. Linux

Você leitor pode ter pensado:

• Certo, o Linux tem muita coisa bacana com relação a suporte desse notebook. Mas ainda não me surpreendeu.

O Linux não apenas possui todos os drivers do Thinkpad, ele também te dá acesso granular e total ao hardware.

• Como assim?

Quer calibrar a bateria ou mesmo definir qual quer usar naquele momento? Quer controlar cada LED, inclusive da Dock? Quer configurar teclas de atalho, inclusive as teclas fixadas pela BIOS? Quer gerenciar novos atalhos especiais? Quer desligar o cooler do notebook totalmente e deixa-lo fritar? Você pode tudo isso e muito mais. Existem 3 pacotes nativos dos repositórios do Linux que fornecem recursos bem curiosos. São eles:

• TLP
• TPB
• ThinkFan

A seguir mais detalhes de cada um deles.

6.1 TLP

A ferramenta TLP pode ser usada em qualquer sistema para verificar o status da bateria. No caso do Thinkpad, ela permite calibrar, descarregar, selecionar e alterar modos de uso das 2 baterias.

Durante a calibragem, o sistema plugado na tomada pegar a bateria previamente definida pelo usuário (BAT0 ou BAT1) e vai descarregá-la totalmente e fará uma recarga completa, recalculando a % de uso, capacidade em Wh e o quanto vai durar com o uso atual.

Da mesma forma pode-se selecionar para que o sistema isole as baterias, use somente a BAT0, use somente a BAT1 ou utilize ambas em sequencia.

Lembrando que o Thinkpad naturalmente utiliza as 2 baterias, porém primeiro consumindo a externa e depois a interna. Durante a recarga, ambas são completadas juntas.

Ferramenta TLP em ação num Samsung Odyssey, permitindo verificar desde os status até o consumo pelo hardware e otimização do uso energético de todo o sistema. Os recursos de calibragem de bateria são exclusivos dos Thinkpads.

A presença do pacote TLP, seja num sistema normal, seja num Thinkpad, altera toda a gerencia de energia, permitindo que o notebook funcione de forma mais otimizada na bateria e com melhor desempenho na tomada.

Mais detalhes do TLP podem ser lidos aqui!

6.2 TPB

O pacote TPB possui o papel de remapear teclas do teclado. Porém, não apenas isso: A Lenovo desenvolveu teclas de atalho especiais com combinações únicas, por exemplo, FN + F9, que abriria o menu do sistema, vai na verdade fazer o comando de “ejetar da dock”, ejetando o notebook virtualmente sem que você ejete-o fisicamente.

Outro exemplo, a combinação FN + F12 normalmente abre no GNOME Shell o painel de aplicações. Com o TPB configurado você transformará essa na tecla de Hibernação.

Mais detalhes e a relação completa de atalhos do pacote TPB podem ser vistos aqui!

6.3 ThinkFan

O pacote Thinkfan possui o papel de controlar e gerenciar o uso do cooler, permitindo que o usuário ajuste granularmente a velocidade do mesmo, de ultra rápido até desligado por completo!

Porém obviamente não recomendo a ultima opção, sem refrigeração adequada podem haver danos aos componentes internos.

6.4 Outros

Via /sys e /proc, como já expliquei em publicações anteriores aqui e aqui, você poderá controlar diversos aspectos do hardware, por exemplo, os LEDs do teclado, o botão Turbo de alguns modelos de Thinkpad (atribuindo novas funções a ele) e ainda acionar o LED de iluminação do teclado (para os modelos mais antigos que não tem teclado retroiluminado).

Há uma extensa gama de opções de controle do hardware e você poderá escolher como, quando e do jeito que quiser.

7. Conclusão

Se você usa Linux e precisa de um bom notebook e ainda não se decidiu, com certeza invista num Thinkpad. Você terá um dos melhores suportes a drivers nativamente, enquanto que um dos melhores desempenhos que um hardware pode proporcionar.

No MercadoLivre há modelos usados bem conservados e com preços atraentes. Não vou mentir: Um Thinkpad novo é bem mais salgado no preço do que um notebook comum da Acer ou Dell. Mas o preço é justificado pelo hardware diferenciado e o suporte a software, incluindo as baterias, que permitem serem calibradas!

Estou abrindo no site a nova guia REVIEWS, onde pretendo fazer publicações de hardwares e como se comportam no Linux, seja no suporte, compatibilidade e desempenho!

#UrbanCompassPony

Fonte:
ThinkWiki
wiki.archlinux.org: TLP
wiki.archlinux.org: TPB