Veículos da Tesla rodam sob o Kernel Linux

A empresa de Elon Musk produz veículos elétricos semi-autônomos de altíssimo luxo e tecnologia, enquanto rodam sob um sistema Linux debaixo do capô. Conheça mais detalhes desses carros!


| Se você apoia nosso site, desative o AdBlock quando visitá-lo, inclusive em Mobile!
Os anúncios são poucos e não invasivos. Se quiser contribuir com nosso trabalho, clique em qualquer banner de sua preferência, exceto dos Parceiros. 
Mais detalhes clicando aqui.


Introdução

É um segredo “aberto”: Os carros da Tesla Motors, empresa do bilionário excêntrico Elon Musk, usam Linux em sua base, para o gerenciamento de toda a parte computadorizada dos carros.

Só que, oposto ao que vemos com relação ás empresas que compõe o Automotive Grade Linux, a Tesla disponibiliza em seu repositório do GitHub os códigos fonte dos carros que produz, principalmente dos modelos Model S/X 2018.12.

Especificamente, eles disponibilizam uma imagem do sistema da plataforma Tesla Autopilot, as fontes do kernel Linux adaptado exclusivamente para seu hardware e o código do painel do seu sistema de informação/entretenimento, que executa sob um chip Nvidia Tegra. – O mesmo do Nintendo Switch!

Caso esteja curioso, o repositório do código fonte, composto por kernel Linux modificado, inteligência artificial do sistema de piloto automático e painel de informações, se encontram aqui.

Computador de bordo e seu painel de informações, mais conhecido como “infotainment”, de um Tesla

Infelizmente você ainda não pode construir seus próprios binários da Tesla para o seu carro ainda. O código fonte ainda está carece de arquivos e tem instruções de compilação incompletas. Mas o trabalho para alimentar o repositório é constante e num futuro próximo estará completo 100% aberto ao público.

A questão aqui é a…

Lentidão

A Tesla tem trabalhado lentamente com o Software Freedom Conservancy (SFC) para liberar seu código de acordo com as restrições da Gnu General Public License versão 2 (GPLv2) do Linux . Os líderes da SFC, Bradley M. Kuhn e Karen M. Sandler escreveram: “A Conservancy tem se engajado com a Tesla em sua conformidade com a GPL desde junho de 2013, quando dissemos á Tesla que havíamos recebido vários relatos de uma violação da GPL em relação ao Modelo S. O Modelo S da Tesla recebeu sistema(s) on-board que continham o BusyBox e Linux, mas não recebeu nenhum código-fonte” – E como sabemos, uma das exigências da GPL é trazer o código fonte junto aos programas.

O SFC e outros grupos de licenciamento de código aberto têm trabalhado com a Tesla para convencer seus provedores de software, NVIDIA e Parrot, a divulgar versões completas e correspondentes (CCS) de todos os binários do código fonte GPL encontrados no Modelo S. da Tesla.

Ao fazer isso, a Tesla forneceu a Conservancy candidatos a CCS: Essas versões de código-fonte ainda não estão completas, conforme exigido pela GPL – conforme citamos acima neste artigo.

Por sua vez, o SFC analisou os “candidatos do CCS e forneceu feedback técnico sobre como melhorar os candidatos para alcançar a conformidade. Neste processo, fornecemos relatórios detalhados explicando como os lançamentos do candidato ficam aquém dos requisitos da GPL.”

Isso porque, Kuhn e Sandler escreveram: “Esta parte do processo é a parte mais longa e mais difícil da aplicação da GPL. Muitas vezes desejamos poder celebrar o triunfo de passar de uma violação sem fonte ou oferta para a próxima etapa do processo. No entanto, também não podemos perder de vista o fato de que conformidade significa atender a todos os requisitos da GPL, por isso não expressamos falsas esperanças com uma divulgação incompleta.”

Resultados Parciais

Ainda assim, a Tesla avançou muito na forma como trata o software de código aberto já que a empresa decidiu publicar seus candidatos incompletos do CCS. Embora o SFC prefira que as empresas forneçam CCS adequado imediatamente, “Percebemos que isso pode ser um processo desafiador e reconhecemos que a Tesla tem lutado há anos para produzir CCS adequado. Acreditamos que a nova abordagem da Tesla também tem mérito, porque permite a comunidade discutir e contribuir em público e ajudar colaborativamente a Tesla a cumprir a GPL”.

Curiosidade

Foi-me aberta a questão quanto á segurança de um sistema Linux da Tesla, para com os passageiros ou mesmo do próprio veículo. Em uma entrevista á IDG News Service, JB Straubel, diretor de tecnologia da Tesla, falou sobre alguns pontos interessantes.

IDGNS: Me fale sobre o software no carro.

JBS: Nós escrevemos a maior parte do software no carro. Todas as telas que você vê foram programadas aqui, projetadas aqui, e temos uma equipe inteira de engenheiros de software no andar de cima implementando isso e tornando-a uma realidade. Estamos usando um sistema operacional que é uma versão de algo chamado Linux. Isso é código aberto, padrão muito robusto, para a exibição e entretenimento. Para o controle e motor e coisas assim, não temos sistemas operacionais. Eles correm em um nível mais baixo e estão na verdade executando o código C, então temos engenheiros lá em cima escrevendo na linguagem de programação C, construindo os loops de controle a partir do zero. Nós escrevemos, modelamos, testamos aqui.

IDGNS: Então, se o Linux falhar, o carro não sai da estrada?

JBS: Esse é um ponto chave. Todo o sistema de entretenimento, essas telas sensíveis ao toque, todos os aplicativos que você pode carregar são totalmente separados da propulsão do carro. Na verdade, você poderia, se precisasse, desligar as telas do carro enquanto dirige e o carro ainda pode ser conduzido normalmente. Você não poderia ver seu mapa no Google, mas ainda podia dirigir, parar e fazer todo o resto.

Análise Opinativa

Resumidamente, a parte que controla os motores, aceleração e frenagem dos veículos da Tesla utilizam módulos veiculares mais eletrônicos do que controlados por sistemas operacionais, tal qual um odômetro de um automóvel comum porém com painel digital.

Sua estrutura funcional independe do software que controla o restante do veículo, permitindo que, numa emergência, tudo possa ser desligado e o veículo possa ser conduzido em segurança. Ainda assim, parte da sua inteligência artificial do modo semi-autônomo ainda depende de ação humana para funcionar em segurança, já que ele controla até mesmo viradas do volante nas mudanças de faixa.

Demais Montadoras

Não quero menosprezar as demais montadoras que investiram pesado no opensource e/ou no Linux!
Já a uns bons anos diversas montadoras investiram nesse setor para construir seus veículos.

A AGL, composta atualmente pelas Ford, Honda, Mazda, Nissan, Mercedes, Suzuki e Toyota (e muitas outras empresas), sendo um braço da Linux Foundation, se uniram para desenvolver sistemas de bordo e inteligência artificial para veículos autônomos e semi-autônomos.

Isso porque o Linux e o software de código aberto são flexíveis o suficiente para trazer um conjunto completo de software para qualquer hardware, seja supercomputador, smartphone ou veículo. Existem outros concorrentes, como o QNX do Blackberry e o Microsoft IoT Connected Vehicles, mas ambos perderam terreno para o Linux. A Audi está mudando para o Android e a Microsoft perdeu seu maior cliente de carros, a Ford, anos atrás.

“As montadoras estão se tornando empresas de software e, assim como na indústria de tecnologia, estão percebendo que o código aberto é o caminho a ser seguido”, disse Dan Cauchy, diretor executivo da AGL, em um comunicado. “As empresas automobilísticas sabem que, embora a potência ainda venda, os clientes também querem sistemas inteligentes de informação e entretenimento, recursos automatizados de acionamento seguro e, eventualmente, carros autônomos” concluiu.

#UrbanCompassPony

Fonte:
ZDNet 1
ZDNet 2
TechWorld.au

2 comentários em “Veículos da Tesla rodam sob o Kernel Linux”

Deixe um comentário