Artigo: A Historia da UNIX Universe

Um artigo pessoal onde conto um pouco sobre a minha história, minhas inspirações, a origem do site e dicas voltadas para quem quer se aventurar na vida de blogueiro.


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Atenção: O seguinte artigo é de expressa e simples opinião do autor e não representa uma posição socio-política do site. O objetivo é gerar reflexão e questionamentos. Recomendo discrição ao lê-lo.

Introdução

Apesar de conhecer computadores e usá-los já a alguns anos, desde os idos tempos de Windows 95, o Linux entrou tardiamente em minha vida. O primeiro contato foi com o Kurumin no colégio, meados de 2004. Mas eu detestava o sistema, achava confuso, pouco amigável, restritivo. Odiava Linux.

Eu gostava de me sentir livre no sistema operacional e o Windows me proporcionava muito isso aquela época.
Conheci o linux ao acaso, enquanto fazia testes com virtual machines em meados de Janeiro de 2015: Num fim de semana descompromissado, logo que tranquei a faculdade de Engenharia Elétrica final de 2014, me surgiu a ideia de emular máquinas virtuais pra passar o tempo. Depois de emular com sucesso uma versão do macOS num hackintosh e matado a saudade de todos os Windows que usei, como o 95, 98 e XP, ainda na pilha da empolgação com isso, pensei:

  • Qual o próximo passo? Até onde isso pode ir? E o tal do linux? Será que presta?

Foi a primeira vez que, depois de ignorar por completo toda e qualquer existência do Linux eu dei uma chance a ele. Procurando “melhor sistema linux” e qualquer coisa do gênero no Google, caí de paraquedas no Ubuntu. Na época que fiz os testes no Ubuntu 14.10 Utopic Unicorn enquanto faltavam alguns meses para o lançamento do 15.04.

O primeiro contato

O layout era bem diferente do habitual Windows, aquela barra lateral do Unity, aquilo no geral foi muito novo pra mim. Achei ele intrigante, diferente. Exótico, mas funcional porque já vinha com um monte de programas pré instalados.

O começo foi logo deixar o sistema em dual boot enquanto entrava no Linux sempre pra conhecer mais, porem também aos poucos, com receio, como um animal selvagem com medo do ser humano que lhe oferece comida. Eu entrava, mexia 10 minutos. Logo que eu me perdia ou tinha dúvidas demais, eu reiniciava e voltava pro Windows. Fiquei nessa por uns tempos até acostumar.

Fui fundo, modifiquei meu sistema, quebrei ele inúmeras vezes também, demorei aprender a consertá-lo igual um mecânico que conserta o próprio carro: nunca fica quieto, ta sempre mexendo la no carburador procurando um jeito de deixar ele mais possante e/ou econômico.

Aproximadamente 1 ano usando o Ubuntu Unity descobri que eu não gostava da interface; migrei pro Ubuntu MATE na versão 15.10. Lentamente eu estava indo de mala e cuia pro Linux: Só mexia na internet por lá, ouvia musica, editava documentos… Adorei o MATE. Os games ainda ficaram no Windows, que na época era o 8.1 Pro.

Meu primeiro contato com a comunidade Linux foi ao entrar para o Diolinux® em 14 de Fevereiro de 2016. Passei todo esse tempo, desde Janeiro de 2015, só com a ajuda do Google e fazendo testes no sistema, experimentando, quebrando ele, etc.

Eu usava Windows 8.1 Home nesse tempo todo em dualboot. Testei o Windows 10 na época do lançamento, me empolguei como a maioria. Uns dias depois removi do PC e voltei com o Windows 8.1: Achei bugado demais.

Games

Com tanto costume, algo ainda me prendia ao Windows 8.1: Os games.

No Windows eu rodava Populous 3 (RTS de 1998) mas rodava só em modo OpenGL, The Sims 2 e 3, dentre outros games como Minecraft e Cities XL 2011. Apesar de eu jogar em consoles, são games que não desapego. Tambem preciso de alguns programas como o Paint Tool SAI pra fazer desenhos – essa arte do meu perfil do site é um deles.

O Desgosto

O processo de desligamento total do Windows surgiu com um enorme desgosto.

Numa bela manhã, já bem acostumado com Linux e usando-o 90% do tempo, acordei com a mente aberta e já confortável ‘hoje vou variar, usar Windows, afinal ele está todo estilizado, funciona bem, meus games estão lá’.

Inexplicavelmente, após semanas sem iniciar no sistema da Microsoft, ao liga-lo me deparei com o sistema congelando por completo ao abrir o Facebook seja com Firefox ou Chrome. Mouse e teclado deixando de responder. Nenhum reinício resolveu, não consegui instalar nenhuma atualização – dava erros para atualizar e isso porque sou um dos poucos trouxas que comprou Windows 8.1 original – Tentei forçar update pelo disco de instalação, mais erros. Sem sucesso, a inevitável formatação iria ser necessária.

WINE

Liguei no Linux e configurei o WINE + PlayOnLinux. Foi a primeira vez que eu fui fundo nele, não aceitava muito a ideia de ter coisas de Windows no meu pinguim, mas seria um mal necessário.

Pesquisei na internet e fui ajustando. Rodar Populous 3? Confirmado. Inclusive com a Aceleração 3D ativada, coisa que o modo de compatibilidade nativo do Windows 8.1 nunca executou. O pessoal nos fóruns diz “use o modo OpenGL, gráfico mais enxugado caso use o Windows 8.1 ou 10.”. Me surpreendi de ver meu clássico em total potencial novamente, anos após sair do Windows XP.

Populous dando erros com o modo de aceleração 3D incompatível do Windows 8.1
Populous 3 sob Wine no Linux

Embalei. The Sims 3? Confere! Rodou majestosamente.

O print saiu escuro mas o jogo rodou bem.

Minecraft? Confere! Cities XL 2011? Confere!
The Sims 2 e 4? Com certeza! O 2 foi um parto mas depois de 2 dias quebrando cabeça consegui rodar bem!
E o Paint Tool SAI? Wine versão 1.5.5-SAI, versão dedicada.

The Sims 2 exige um WINE patcheado que libera o ShaderModel 3.0: ‘1.9.6-sims2’
Com ele, você faz o cheat useShaders True, deixando-o perfeitamente jogável.

Formatação

Minha despedida do Windows por definitivo foi em 16 de Julho de 2016.

Formatei a máquina inteira e deixei apenas o Linux. Adeus Windows em caráter definitivo. O Linux não apenas rodou todos os games que eu sempre joguei como um deles ficou ainda melhor.

Foram aproximadamente 3 anos de estudos que separaram um odiador do sistema para quem o usa como sistema principal (e único) e apoia seu uso.

Por que Linux?

Não troco a estabilidade, confiabilidade, segurança, leveza e beleza de uma distro Linux por nada, nenhum Windows Seven, 10, 11, 15, XX ou o que for vai me fazer voltar pro sistema da Microsoft de novo nem hoje ou amanhã.

Claro, há o aspecto que não sou PC Gamer, senão a migração seria impossível para games mais atuais. Mas dentro do que eu faço e uso, tudo que preciso tem no Linux.

UNIX Universe

Depois de migrar para o Linux em Julho de 2016, passei a dedicar mais tempo e estudos pra conhecer melhor o sistema. Também comecei a me interessar pelos outros sistemas que foram inspiração para o Linux, que é o caso do BSD, UNIX e também macOS. Entrei em outros grupos de usuários do sistema, procurei sempre ajudar as pessoas da mesma forma que me ajudavam.

Essa simbiose na comunidade me motivou a criar a UNIX Universe em 2 de Abril de 2017: Até então uma página do Facebook que não tinha a pretensão de ser grande mas ousar em querer unir todas as tribos em um único local, onde usuários programadores de macOS, Linux e BSD pudessem coexistir com matérias e assuntos que interessem aos 3 – ou mais, se considerar Solaris, AIX, etc.

Site

A página foi ficando pequena pelo que eu propunha a trazer aos usuários, quando com a ajuda do Vilson Heuer fundei o site aproximadamente 1 ano depois, em 01 de Março de 2018. Aqui eu consegui trazer as matérias com mais detalhes, imagens, uma formatação mais organizada e centralizar o conteúdo tirando-o da dependência de uma rede social que a cada dia perde mais usuários.

E agora com ideias pra ampliar o site para o Youtube e outras redes sociais – Já temos presença no Instagram, Twitter, Gab.ai e Facebook.

Blogueiro

  • A essa altura você deve pensar: E ser blogueiro? Vale a pena?

Depende da sua paixão, alias, paixões vem e vão: Depende do seu amor ao que você quer fazer.

Sempre fui criativo e eu queria que meu sistema operacional representasse isso. Então passei a buscar algo que parecia um LEGO, gosto de montar coisas, mudar as coisas, fazer o diferente e viver o novo.

Por essas e outras eu gosto muito de usar Linux, todo dia aprendo algo novo com ele, gosto das novidades da comunidade, as notícias dos desenvolvedores, os “concorrentes“: a quantas anda o desenvolvimento do BSD, do AIX, do macOS; e tento levar esse aprendizado para as outras pessoas, estudantes, curiosos, entusiastas… e isso me motiva. Ver que ensinei algo novo a alguém, ver que informei as pessoas – mesmo que isso tenha vindo de algum artigo demasiado polêmico ou clickbait… de antemão peço desculpas pelos que possuem títulos assim, tento evita-los.

Eu brinco que as ideias fluem naturalmente depois que você se entrega de corpo e alma ao que gosta.
Não diria que precisa ser com Linux. Poxa, pode ser um blog de moda, de notícias em geral, um blog sobre animais, se você tem algo a oferecer ás pessoas, dê isso a elas. Faça desse hobby algo prazeroso com o qual você dê engajamento e logo você vai colher os frutos desse trabalho.

Nas palavras do CEO da Chillie Beans, “você não precisa se preocupar em ganhar dinheiro de imediato, fazendo o que gosta e fazendo bem feito, o dinheiro virá naturalmente. Sua saúde mental e física devem vir em primeiro lugar. Seu hobby não deve te estressar, você não precisar perder noites em claro pra mante-lo, senão vira trabalho e isso está errado”. – Na minha humilde opinião, as pessoas não deveriam trabalhar mas fazer o que gostam, mesmo que pra isso o caminho das pedras seja mais longo e tortuoso. A recompensa no curto prazo vale a pena o esforço.

  • Ah mas eu não tenho tempo.

Se você gosta e quer fazer, você cria seu próprio tempo. Dê a si mesmo uma chance.

Seja um blogueiro exemplar, inspire as pessoas ao seu redor. Ensine algo novo enquanto aprende algo novo mas faça isso por gostar, não por dever. Todo o resto será uma mera consequência, sendo um caminho bem mais sensato para a famigerada felicidade.

Finalizando…

Agradeço a oportunidade de compartilhar minha experiência com vocês
Agradeço mais ainda a quem teve paciência de ler tudo!

Gosto de ver que inspiro pessoas, que ensino, que valorizam o que faço, que é o que me motiva a continuar aqui publicando matérias para vocês. As comunidades Linux e BSD são importantes e merecem real destaque, a força dela é o que move o FOSS e isso não pode morrer, jamais.

Agradeço poder fazer parte disso e poder contribuir para com o crescimento dos sistemas UNIX e baseados em UNIX em nosso querido Brasil.

José Humberto Ferreira Júnior
a.k.a. UrbanCompassPony

1 comentário em “Artigo: A Historia da UNIX Universe”

  1. A distro inicial tinha que ser a Utopic Unicorn… Unicorn hahahaha…
    Meu primeiro contato foi na escola, aos 10 anos, mais ou menos. Depois, em 2009 (já com 18) comprei um desktop que veio com uma distro instalada… Utilizei por 15 dias e voltei ao Windows 7.
    Em 2015, tive um problema com o Excel e o editor de macros. As macros só funcionavam até eu abrir o editor. Depois que abria, não funcionava por nada. Como a planilha (que era um sistema em Excel + VBA) demorava 15 minutos pra abrir (em rede, mas pesada e com ligações SQL entre outras planilhas), liguei para o superte da Microsoft. Depois de uns 10 minutos de contato, o atendente disse que seria necessário acionar um consultor, e que o tempo deste seria cobrado. No mesmo instante disse “Ok, pode deixar então. Muito obrigado! Uma boa tarde pra você, e viva o Linux!”.
    Ao chegar em casa, removi o Windows com todos os meus jogos (claro que fiz backup dos saves). Já conhecia o Kali a alguns meses, porquê tentei quebrar a senha do wifi dos vizinhos com bruteforce (aircrack-ng e crunch – wpa2) . O layout da Gnome me agradou muito, mas consome muitos recursos da máquina. Hoje uso, para trabalho, Kubuntu 18.04 e no meu equipamento pessoal Manjaro KDE, e faço tudo que faria no Windows, normalmente, apesar de hoje manter o dual boot com Windows 10 para uso de minha esposa. Como estou estudando Análise e Desenvolvimento de Sistemas, percebi o grande aumento de desempenho que obtive ao utilizar o Linux para fazer os trabalhos.
    O motivo principal de eu ter gostado do Linux foi a liberdade e transparência. Diferente do Windows, onde tudo ocorre por caminhos obscuros, onde o sistema faz sem que possamos ter um feedback, além do aprisionamento na bolha de usuário, que não nos permite moldar o sistema para adequá-lo às nossas necessidades.

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