Neste artigo, vamos abordar o que está sendo discutido sobre a denominada Web3, o futuro da internet como a conhecemos.
| Se você apoia nosso site, desative o AdBlock quando visitá-lo, inclusive em Mobile!
Os anúncios são poucos e não invasivos. Se quiser contribuir com nosso trabalho, clique em qualquer banner de sua preferência, exceto dos Parceiros. Mais detalhes clicando aqui.
Atenção: Este artigo foi baseado numa entrevista do criador da moeda Ethereum Gavin Wood para a BBC – me soou mais como um infomercial disfarçado – portanto o artigo foi adaptado para a Linux Universe. Peço discrição ao lê-la.
1. Introdução
Se você está lendo este artigo, está usando o que é chamada Web2, a dita Segunda Geração de como a World Wide Web opera a nível global! Mas antes de contextualizar o que é o conceito de Web3, vou rememorar o que foi a web1 e caracterizar o que é a atual web2.
2. Senta que lá vem História
2.1 Web1
Em 1990, a World Wide Web (WWW) como a conhecemos foi criada pelo britânico Tim Berners-Lee, no instituto de pesquisa CERN, na Suíça. Essa primeira Web cresceu e, já na segunda metade da década de 1990, fez com que a internet chegasse ao mundo todo.
Mas os sites e portais da época, como Yahoo, ainda eram páginas estáticas, baseadas em hyperlinks – também chamados simplesmente de links, que levam o usuário de um endereço para outro. – Exatamente como você está vendo: É um hyperlink na palavra hyperlinks, metalinguagem baby!
Estas páginas estáticas caracterizaram o que existia na época: Você fazia uma busca – ou já conhecia o portal por propagandas destes em jornais, revistas e outros meios de comunicação impressos – digitando seu endereço. O site abria, era basicamente uma tela HTML com alguns detalhes em Flash ou ainda JavaScript, gifs, etc. Em suma, eram sites simples e “passivos”, ou seja, você interagia acessando e lendo, com alguns poucos admitindo cadastros. Sua interação com os mesmos era limitada.
2.2 Web2
Nos anos 2000, chegou a Web 2.0.
O principal avanço da Web2, é o fato de que ela “nos permitiu ler e escrever de maneira interativa”.
Isso é uma característica básica do boom das redes sociais, os fóruns se tornaram mais populares aonde as pessoas interagem com a internet de forma mais ativa. Criadores de conteúdo independente surgem e ganham força, qualquer um pode ser um blogger, vlogger, youtuber, etc. E qualquer um pode interagir com essas pessoas, agora, virtualmente públicas.
Os aplicativos, popularizados uma década depois, e a Web podem “se comunicar entre si”, e nós podemos interagir com eles também.
Nos últimos 20 anos pouca coisa mudou, a internet como é conhecida e utilizada evoluiu, mas sua base é a mesma e é a base o qual estamos usando neste momento.
Tendo em visto esta revisão, fica a pergunta: Qual seria o próximo passo da Internet?
3. Web3
3.1 Teoria
O terceiro modelo, teoricamente, pretende levar a Web a uma era ainda melhor. O desenvolvimento da Web3 agrega a tudo isso o estabelecimento da confiança, porque as liberdades civis estarão integradas em sua programação.
Em linhas gerais, é possível dizer que na Web3 as máquinas vão “colaborar” com os seres humanos de forma mais eficaz. Seu principal foco, no entanto, é a descentralização da internet: criar uma rede mais igualitária e reduzir o poder de quem está por trás do Big Data – as enormes empresas do setor de tecnologia digital como o Facebook® e o Google® – como ressaltam aqueles por trás desse novo conceito.
O termo Web3 foi cunhado em 2014 pelo britânico Gavin Wood, cofundador da criptomoeda ethereum, a segunda blockchain mais usada no mundo e cuja tecnologia é a base da Web3. Criador do projeto de código aberto Polkadot, Wood partiu da ideia de que era necessário “remodelar a internet”: criar uma nova arquitetura com um protocolo específico para que os serviços fossem descentralizados.
Para conseguir isso, o engenheiro de computação britânico criou a Web3 Foundation – para “financiar equipes de investigação e desenvolvimento que estão construindo as bases” da Web3 – e criou a Parity Technologies, uma empresa de infraestrutura blockchain, com sede em Berlim, para a “web descentralizada”.
Uma parte chave da estrutura da Web3 é a tecnologia blockchain, que permite criar “blocos” e formar cadeias de dados. A blockchain é conhecida principalmente por servir de base para as criptomoedas, devido á sua velocidade, escalabilidade e segurança.
Se a Web1 baseava-se em hyperlinks e a Web2 acontece nas redes sociais, a Web3 será baseada na tecnologia blockchain.
3.2 Prática
A essa altura vocês podem estar se perguntando:
Quais os atuais frutos desse esforço em trazer uma evolução para a Web como é conhecida?
Disso surgiu o projeto IPFS.
4. IPFS
O projeto InterPlanetary File System ou Interplanetary File System (IPFS) é um projeto curioso criado por Colin Evran, que trabalha há cinco anos no desenvolvimento da Web3. Ele dirige os ecossistemas do Filecoin e o IPFS com um grande objetivo: criar uma rede de computadores com alcance global que permita o armazenamento de informações de forma totalmente descentralizada, com alta escalabilidade e, claro, com grande resistência a censuras de qualquer natureza.
Você pode imaginá-lo como uma enorme rede que contém enormes quantidades de informações espalhadas por todo o mundo e que você pode acessar de forma totalmente transparente e segura. Sem dúvida, o complemento perfeito para uma Internet cada vez maior, cujo alcance agora atinge até os menores aparelhos eletrônicos, como relógios, despertadores e até cafeteiras.
A ideia do IPFS é transformar a forma como os dados são armazenados, permitindo que sejam totalmente descentralizados e controlando o acesso a eles a qualquer momento. Além disso, o IPFS permite que nosso computador armazene dados de um site e os sirva a quem precisa. Bom, isso é IPFS, e se não se enganam, é parecido com o que o BitTorrent faz para compartilhar arquivos, só que, neste caso, o protocolo seria integrado a aplicativos e sites como os que usamos o tempo todo, fazendo a interação com IPFS totalmente transparente.
De forma bruta, o conceito por trás da web3 é tornar a internet ilimitada com tudo rodando semelhante ao Torrent. Porém criptografado e registrado em blockchain, o que traria mais confiabilidade e segurança aos usuários, distribuindo tudo como se fosse uma rede Peer-2-Peer ainda maior que as atuais.
Não apenas isso, com o IPFS, a capacidade de armazenamento mundial aumentaria drasticamente. E isso porque nossos computadores se tornariam parte daquele enorme disco de dados que armazenará informações de toda a Internet. Isso ajudaria a resolver – ou diminuir significativamente – a necessidade de espaço de armazenamento para atender à demanda em todo o mundo. Além disso, ajudaria a descentralizar a rede, e até permitiria manter um histórico completo daquelas informações que nos interessam em uma rede resistente e sem censura.
4.1 Funcionamento
O IPFS é um sistema que funciona sob o esquema de “busca por conteúdo”, ou seja, toda vez que realizamos uma busca no IPFS, devemos informar ao sistema “o que estamos procurando” ao invés de dizer “onde procurar” .
Vamos dar uma olhada no que tudo isso significa por um momento e usar a Internet atual como exemplo. Quando visitamos um site na Internet, o que nosso navegador faz é o seguinte:
- Pegue a URL ou endereço e execute uma consulta DNS, para descobrir em qual endereço IP esse servidor está localizado.
- Depois de ter o endereço IP, o navegador faz uma solicitação de informações ao servidor e começa a baixar as informações.
- Mostra-nos as informações do URL que indicamos.
Esta é uma forma bastante simplificada de tudo o que acontece toda vez que usamos nosso navegador. Este tipo de operação é denominado “pesquisa por localização”, e assim é porque precisamos saber onde a informação está “localizada” para podermos acessá-la. Essa localização é o endereço IP do servidor, e a partir daí começa a situação que ninguém quer, se o servidor ficar fora do ar, você não conseguirá acessar a informação que procura, pois a localização não está disponível.
No entanto, no caso do IPFS, a “pesquisa por conteúdo” funciona de uma forma completamente diferente. Na verdade, podemos dividi-lo da seguinte forma:
- Você diz ao sistema qual conteúdo está procurando.
- O sistema recebe sua solicitação de informações e a envia para a rede, onde os nós do sistema começarão a responder a você. Além disso, essas informações são
protegido por criptografia, um sistema de hashing de dados e assinatura digital, para evitar que alguém acesse sem permissão. - Você receberá a resposta dos nós mostrando as versões do conteúdo disponíveis em toda a rede.
- Se você escolher uma opção, poderá acessar o conteúdo e até mesmo todo o seu histórico, pois se essa opção foi exibida é porque está ativa na rede no momento da sua solicitação.
Isso significa que o IPFS faz pesquisas que são definidas pelo conteúdo e nas quais os nós da rede respondem. Por exemplo, se quiser entrar na Bit2Me Academy em IPFS, basta escrever Bit2Me Academy, e os nós que armazenam informações deste site irão mostrar-lhe todo o conteúdo que guardaram, podendo aceder a qualquer momento.
Pela forma como opera, o IPFS também resolve vários problemas:
- O primeiro é a conhecida “deduplicação” que nos impede de ter conteúdo duplicado no nó e em toda a rede.
- O segundo é conhecido como “armazenamento delta”, no qual são criados pequenos arquivos que nos permitem saber exatamente qual conteúdo foi alterado entre as diferentes versões. Assim, tomando um determinado conteúdo de base e adicionando os respectivos deltas, podemos recriar um conteúdo mais atual (ou mais antigo) do que o conteúdo de base que foi obtido.
- Por fim, a terceira função é que essa blockchain permite que a rede participe do acesso do usuário a determinadas informações. Assim, por exemplo, se um dado está em 2 ou mais nós, o usuário pode iniciar o download das informações de todos esses locais, melhorando o tempo de download e a resposta geral da rede.
4.2 Privacidade
No entanto, a ideia de armazenar nossos dados em computadores espalhados pelo mundo não é algo que muitos gostam. O perigo que isso pode representar para a nossa privacidade é imenso, então: Como o IPFS resolve esse problema?
Bem, em primeiro lugar, você deve saber que tudo no IPFS está dentro de uma rede pública. Assim, qualquer pessoa pode acessá-lo tendo um cliente para ele. Portanto, cada dado que você colocar no IPFS fará parte do blockchain da rede, deixando claro que tudo está acessível.
Isso, no entanto, é algo que pode ser resolvido graças ao fato de que o IPFS é um sistema de software livre e qualquer pessoa ou grupo de desenvolvedores pode adicionar esta função à rede, permitindo o anonimato dos dados e até mesmo adicionando criptografia avançada para protegê-los. acesso não autorizado. Na verdade, é o caso de vários projetos que utilizam o IPFS para sua operação.
4.3 Prós
Dentre os prós, seu criador afirma que:
- O sistema de armazenamento é totalmente descentralizado.
- A rede é construída para ser altamente escalonável.
- A rede pode resistir a ataques de negação de serviço, entre outros, porque é totalmente descentralizada. Desta forma, o acesso oportuno às informações é garantido em todos os momentos.
- Seu uso é totalmente gratuito, e o código-fonte está disponível sob licença de software livre.
- É extensível, o que permite a qualquer pessoa adaptar novas funções sem maiores problemas. Por exemplo, podem ser adicionados módulos de privacidade, conexão a TOR, I2P, entre outros.
4.4 Contras
Já os contras, EU PARTICULARMENTE considerei um pouco tendenciosos. Esclareço melhor no final, na Análise Opinativa.
- É um desenvolvimento ainda em evolução, por isso a sua utilização na produção ainda não é muito extensa.
- É complexo de usar para usuários inexperientes neste tipo de sistema.
- Ele não tem extensões de privacidade por padrão.
- Ao contrário de projetos como o SIA, o IPFS não foi projetado com um modelo de incentivo em seu núcleo. Por causa disso, eles tiveram que desenvolver projetos separados como o Filecoin, que são limitados em sua integração.
5. Transição e Previsões
A previsão dos envolvidos na Web3 é que essas mudanças deem aos internautas mais poder sobre a informação a que têm acesso e os dados que compartilham e criem uma internet mais livre e igualitária.
Mas a promessa de que a Web 3.0 seja capaz de acabar com a hegemonia de gigantes tecnológicos como Google ou Facebook gera dúvidas. Há vozes céticas, como a de Elon Musk, executivo-chefe da Tesla e da SpaceX, que dias atrás publicou um comentário irônico no Twitter. “Alguém viu a Web3? Não consigo achar.” Ou a voz de Jack Dorsey, co-fundador do Twitter, que disse que a Web3 “é uma entidade centralizada, mas com uma etiqueta diferente”. Colin Evran, no entanto, não perde seu entusiasmo pela novidade.
“O passo da Web1 para a Web2 foi uma transição enorme que levou muitos anos. A transição da Web2 para a Web3 é inevitável, mas não vai ocorrer de um dia para o outro, mas sim em vários anos. Ela está apenas dando seus primeiros passos.”.
6. Análise Opinativa
*Estala os dedos*
A matéria original foi publicada na BBC com um ar de infomercial – uma propaganda disfarçada de artigo informativo: Colin Evran puxando sardinha para o que promete revolucionar a internet como a conhecemos e como expus acima com os diversos pontos positivos e negativos de seu autor.
Porém, como um estudioso de sistemas operacionais, eu preciso abordar alguns pontos negativos, tendo em visto tudo que foi dito:
- Vai exigir e consumir um absurdo armazenamento local para o cache dos sites.
Se a computação será distribuída e igualitária, semelhante a como um Torrent opera, e sabemos o que isso significa: Os sites deixarão enormes caches nas máquinas locais e/ou nos smartphones, por exemplo. A princípio, a Web3 pode até ser o futuro, mas é um futuro um pouco mais distante do que se imagina, tendo em vista que armazenamento, apesar de estar caindo em preço, continua dispendioso para o usuário final.
A implementação de algo assim em escala global criaria problemas: Se a pessoa acessa diversos sites, o cache será enorme. Uma vez que houver um cache, o site carregará rapidamente. Mas se houver uma demanda por espaço, o usuário vai precisar habilitar um esquema de limpeza periódica? E essa limpeza periódica não degradaria os discos, tendo em vista que SSD’s por exemplo não admitem tanta leitura e escrita quanto um disco normal? Ou ainda, que essas limpezas periódicas não deixariam tudo lento e sites precisariam recarregar localmente?
Se é descentralizado, e as pessoas detém cópias dos arquivos, se todo mundo efetuar limpezas periódicas de cache, quem manterá a cópia original daquele site? Seria o argumento do co-fundador do Twitter de que a rede continuará centralizada, haverá um ponto central, a fonte o qual os usuários terão de baixar as cópias dos dados para descentralizá-los.
- Vai exigir algo que as pessoas nao tem: upload, pra enviar os arquivos P2P.
Semelhante aos problemas vistos com Torrent, quem mantém arquivos semeando sabe o quanto isso consome internet e dependendo do volume de arquivos isso consome também processamento da máquina que está em uso. Além disso, há o problema com upload, que por mais rápida que a internet esteja se tornando para todos, ela continua lenta no quesito upload, enviar dados aos servidores – ou aos nós do que seria a rede descentralizada.
- Quem usa torrent sabe que ele utiliza muita internet, e se você tiver um cache gigante local e estiver 100% na IPFS, voce vai ter um maior consumo de recursos de hardware e sua internet também sera usada o tempo todo.
Ou seja, não apenas upload mas download também será uma constante.
Considerando estes fatores, eu não estou confiante que blockchain, num primeiro momento, seja o exato futuro da internet. Penso eu, que uma forma interessante seria equilibrar isso, termos as empresas de BigData lidando com os altos volumes de tráfego que, inevitavelmente, existe, enquanto que os usuários podem ingressar aos poucos na rede, a exemplo de quem acessar sites da Web3, cujos caches e transmissibilidade de dados não vão afetar seu cotidiano.
Um ponto máximo: O usuário tenha tanta escolha quanto prometido no projeto, inclusive se quiser NÃO colaborar com a Web3 e apenas utilizar o acesso direto, sem baixar caches e sem enviar dados para outros. Afinal, se o conceito máximo é liberdade online, seja para publicar o que quiser, seja para fazer o que quiser – sem controle de grandes corporações – a própria fundação de Colin Evran não pode obrigar ninguém a nada – Exatamente o que os sites de Torrent fazem, você pode baixar, usufruir e não é obrigado a semear ou se manter na rede!
Essa opinião, só pra explicar, é sobre o que é a web3 no que tange o tráfego de dados, websites e seu uso em hardwares como algo palpável. No momento as blockchains estão um incontestável sucesso devido ás NFT’s, sejam em games, artes, música e etc, além das criptomoedas, e com certeza serão uma presença fundamental para os próximos anos na tecnologia, porém elas não entram sozinhas como o futuro da Internet, mas como serão aplicadas para a navegabilidade e a forma como as pessoas interagem com ela.
E você? O que pensa a respeito do futuro da internet?
Mande sua opinião nos comentários!
#UrbanCompassPony
Fontes:
BBC
Bit2Me
Capa: NaPratica
Autodidata, me aprofundei em sistemas operacionais baseados em UNIX®, principalmente Linux. Também procuro trazer assuntos correlacionados direta ou indiretamente, como automação, robótica e embarcados.